Assustadoramente, como em um filme de suspense, recebi um telefonema inesperado no sábado à noite. Era o Bera (Escallossaurus naniccus), perguntando onde eu escalaria no domingo e afirmando que iria escalar, de qualquer jeito. Surpreso por esta revolta dele com o cativeiro (pois seria o segundo final de semana que ele escalaria outdoor em menos de 12 meses), tratei de contactar o Roger (Escallossaurus calvus ciclisticus), para ampliar o bonde.
No domingo pela manhã, recebo outra ligação do naniccus, confirmando que iria junto com sua companheira Amy Wine Rose (também conhecida como Roseane, Rosinha, etc.) e ainda levaria o Marcelo (Escallossaurus gigantus patternus). Nos encontramos na, já tradicional, ViadosPães (inclusive com o Roger) e partimos rumo à Fercal, para escalar vias do primeiro setor, pois eu já estava na pilha de encerrar minha pendência no setor, a "El Demo". O Bera sugeriu ainda uma entrada na "Ribombo", rapidamente questionada devido à distância a ser percorrida (principalmente por mim – preguiçoso, descarado!).
Chegamos à base das vias "Corrimento Geológico" e "Plano Cartesiano" às 14 hrs aproximadamente e, obviamente, optamos pela mais fácil. Bera se propôs a equipá-la, para não correr o risco de ter que desequipar depois. Ele veste a cadeirinha, coloca as costuras no rack e... "cara... esqueci minha sapata!" Sim, queridos leitores, ele esqueceu de levar a sapatilha para escalar... Provavelmente isso ocorreu devido a rigorosa ação dos anos sobre nosso colega de cativeiro (velhice, mesmo!).
Depois de calçar a sapata da Rosinha, equipou a via fazendo uma forcinha, mas sem nenhum problema. Logo após, entrei e sem lembrar de como havia feito da última vez, acabei dando um "tapa"que não deveria existir e cai. Como sou chato e competitivo, pedi para descer sem isolar nem tentar o move novamente, já que se tratava de uma via que eu já encadenei há um tempo. Ao tentar desfazer o nó da cadeirinha, o Marcelo percebeu que havia alguma coisa vermelha na minha mão... eu tinha ganho inteiramente "de grátis" um senhor rasgo no dedo, que me obrigou a enfaixar e ficar parecendo um microfone.Marcelão também passou pelo mesmo perrengue, não achando a agarra que terminava o crux e aproveitou para se lembrar dos movimentos e visualizar o pezinho salvador, que estabiliza todos os que o utilizam! Nosso querido Roger não passou impune pelo crux, tomando um pequeno aperto e ficando muito satisfeito com isso (vocês imaginam a felicidade dele, né? Dava pra ver o cara babando de raiva! Hehehe). Rose foi lá, acabou ficando no mesmo lugar dos outros 3 anteriores... Pra resumir a história, entrei novamente e encadenei usando um tail hook pra ficar bem posicionado. Marcelo fez o mesmo, usando de seu tamanho para ignorar a pinça ruim e ir direto para o agarrão. Bera entrou novamente, para mostrar como aquilo era fácil e eis que chegou a vez do Roger... Juro que ouvi uma voz ao fundo: "Momentos de tensão, nu Caldeirããão!!"... e ele atropelou a via, com direito a grito do Sharma no final, para felicidade geral da nação.
Partimos para o meu problema do dia, a El Demo. Lá, encontramos o Professor Horse com a Bia, Da Mata, e Eduardo, malhando as diversas formas da Greyskull. Da 1ª vez que vi a via, Álvaro e eu isolamos os movimentos, mas não encadenamos, desde então, nunca mais olhei pra cara dela e decidi que seria um ótimo preparatório, rumo ao 8º grau. Entrei com o intuito de encadenar sacando as costuras, mas como já era de se esperar, não o fiz. Terminei de equipar e aproveitei para relembrar as agarras e alguns posicionamentos. Marcelo, por ser pequenininho, chegou no El Demo e no batente abaulado sem fazer nenhum esforço, mas acabou tendo muita dificuldade de achar as agarras para entalar o braço. Roger também se valeu da altura para chegar bem no batente, conseguiu segurar outra agarra abaulada de esquerda e algo aconteceu... "Ta com medinho de entalar o bracinho, é? Ta com medinho?" hehehe!! Acabou adrenando na hora de fazer o entalamento do braço direito para costurar a penúltima e também voltou pra casa com uma pendência pra próxima (mas pilhado pra voltar logo, pois faltou pouquíssimo).Entrei com sangue no olho, pra acabar com a palhaçada e encadenar a maldita. Saí do 1º batente em um dinâmico certinho pro El Demo, subi o pé rápido, e consegui chegar estático (em um move de equilíbrio) no batente abaulado. Entalei o braço esquerdo meio mal e, partindo para a ignorância fiz de tudo para conseguir entalar o braço direito, de forma que me permitisse costurar a próxima... sem sucesso, mais uma vez, ela me venceu!
Sob um início de chuva, desequipei a via após o Bera tentar mandá-la (também sem sucesso), usando meu saco de magnésio emprestado, pois também esqueceu o dele, e saímos correndo pra casa debaixo de muita chuva.
Mais um dia (ou uma tarde, no caso) de ótimo climb! Valeu Escallossaurus (aos 3) e Amy Wine Rose pelo dia!!
Será que eu esquci alguma coisa???? hehehe
El Demo que me aguarde!
3 comentários:
Dá-lhe El demo, continua noucateando a galera. A cada bonde temos um escalador inédito. Desta vez Marcelo dando as caras na Pedra.
Massa demais, precisamos consolidar um bonde único e juntar com o povo goiano
Que nada, fica aqui escrita a promessa que a próxima visita ao primeiro setor saíra minha cadena naquela via.
acho que não era o dia de fazer aquele movi, mesmo chegando fácil várias e várias vezes.
Mas isso faz parte, o melhor de tudo foi estar mais uma vez na pedra com meus irmãos, novos e velhos. Isso sim faz o dia de climbing ser perfeito.
Tamu junto nessa missão Julio.
Chefe Roger, é sempre bom ter mais um pilhado pra encadenar aquela via!!
Da próxima ela não escapa, vão ser, pelo menos, 3 contra 1 (vc, eu e Batata)! hehehe!
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