segunda-feira, 23 de maio de 2011

Equipamentos para boulder – Dá para fazer uma revisão disso?

Lendo os artigos de Jason Kehl (aquele maluco meio careca, meio dreadlock que aparece em diversos filmes de escalada) que versam sobre a necessidade de produção de material específico para a prática de boulder resolvi que era a hora de valorizar e falar um pouco de produtos nacionais neste tema. Sempre vi os artigos de revisão como uma ferramenta capaz de orientar as escolhas por materiais, evitando, sobretudo que caiamos em certas roubadas de marketing, já que a revisão de um produto geralmente é feita de forma independente pelos escaladores.
Esse artigo é independente e foi feito apenas com a intenção de trocar experiência sobre os produtos que usamos constantemente. É claro que se alguma empresa estiver disposta a mandar produtos para testarmos o faremos de bom grado, mas mantendo sempre a perspectiva de não mentir ou omitir aspectos dos produtos, pois como diria Pedro Rafael, grande escalador brasiliense: A vida é sincera.
Quem pratica boulder sabe o quanto difícil é escolher um crashpad, seja pelo preço, pelo acesso ao produto, pelo tamanho do carro que o carregará ou por suas funcionalidades. Com as taxas de importação brasileiras e devido o volume considerável de um crash, sua importação direta é quase impossível. Diante disso é preciso olhar para os produtos nacionais com carinho, principalmente aqueles desenvolvidos por escaladores brasileiros que em sua paixão pela escalada passam a produzir tais produtos.
Como primeiro artigo desse blog sobre produtos para boulder destacaremos aqui os produtos da marca Alto Estilo. Essa marca é fruto da criatividade de Luiz Hartmann ( conhecido por Chiquinho ) que produz diversos produtos voltados à escalada dentre eles crashpads de diversos tamanhos e chaulk bags (saquinho de magnésio). Chiquinho é um dos grandes nomes da escalada nacional e atualmente integra o grupo que escalou o Salto Angel. Os produtos da Alto Estilo compõem o arsenal da galera do AVPAF por diversas razões como a localização em Curitiba, preço e acima de tudo pelo atendimento da Alto Estilo conosco, já visitamos até a fábrica que fica na casa do Chiquinho , base do Morro Anhangava.
Para começar, todos os crashs da Alto Estilo são feitos de cordura e com costuras e acabamentos muito bons mesmo sendo usados com por mais de um ano com muita freqüência e sendo jogados em pedras, molhados por chuva e sujos por areia eles permanecem em bom estado e sem avarias. Vamos aos modelos que temos.
Crash Alto Estilo grande: De módulo único e sem divisão, seu fechamento é no modelo charuto (enrolado) com 3 tiras principais e uma inferior que quando fechada impede idiotas como eu de perder a sapatilha ao transportá-la dentro do crash. Esse crash se destaca pela boa anatomia quando fechado, facilitando o transporte por trilhas e cabe facilmente em um porta malas convencional. Seu tamanho, a densidade da espuma utilizada e o fato de não ser modular fazem desse crash uma boa pedida pra qualquer tipo de boulder ou base. Outra grande vantagem é que esse crash é aceito como bagagem normal em empresas aéreas brasileiras e seu peso permite que seja levado para viagens sem exceder limites de bagagem. Como pontos negativos aponto: o fechamento das tiras que é feito por fivela simples metálica o que dificulta o fechamento quando os dedos estão destruídos e o comprimento das tiras que não permite um fechamento simples em dobra para transporte rápido, traduzindo, ou carrega aberto ou tem que enrolar por completo.

Crash Alto Estilo pequeno: Conhecido por nosso grupo como crash de executivo (por parecer uma pasta), esse crash é simples e muito útil. Possui uma estrutura de dois módulos de espuma unidos pelo meio e o fechamento com presilhas plásticas. É um crash ideal para saídas de boulder e ocupa pouco espaço no carro, formando uma ótima dupla com o crash grande. Outra utilidade é se tornar uma ótima cadeira pra descansar nas bases de boulder e acampamentos. Como ponto negativo a densidade da espuma poderia ser maior ou utilizado outro material mais leve.

Crash Alto Estilo Gigante (modelo personalizado): Nosso editor chefe, homem rico e possuidor de um veículo de transporte poderoso (camionete 4x4 conhecida como La cocalina) encomendou junto a Alto Estilo um crash nas medidas do Mondo da BD e foi prontamente atendido. Esse crash foi feito em dois módulos não independentes de espuma, com fechamento por 3 fivelas simples metálicas. Aberto esse crash cobre uma área muito boa e facilmente virará uma cama confortável em seu acampamento. Os pontos negativos deste modelo é o seu transporte (por razões óbvias), a altura das alças de costas que são baixas deixando-o instável nas costas quando carregado e o fato de sua espuma ser menos densa que os demais modelos, tornando-o um crash mole para a absorção de grandes impactos.

Chalk bag para boulder (Sacão de Magnésio): Presente de natal fornecido pelo editor chefe deste blog, esse sacão de magnésio sempre foi um sonho de consumo da galera. O acabamento perfeito, feito em cordura, o interior em tecido peluciado e a abertura larga permitem trabalhar bem o magnésio seja em pó ou em bloco. A existência de um bolso externo ajuda a guardar pequenas coisas e possui ainda um porta escova. O fechamento por corda consegue vedar bem o magnésio no interior. Como ponto negativo a base dele é constituída por duas hastes que não garantem a estabilidade total do saco no chão.

equipamentos boulder

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Tirando a poeira do blog

Como esse blog está mais parado que estátua de praça, resolvi relatar os últimos acontecimentos de nossa trupe (afinal só tem palhaço nesse picadeiro), pois o blog parou, mas as escaladas continuam frenéticas.

 

O primeiro momento corresponde ao Dia "D" de escalada, dia no qual Cocalzinho-GO foi palco de uma grande mobilização das escaladoras de Brasília e Goiânia. Esse dia ficou popularmente conhecido como o dia que rolou o "Cocalcinhas". Muitos homens compareceram também ao local para admirar a beleza da paisagem do cerrado que essa época do ano está bem florido hehehe. Escalamos muito, algumas cadenas rolaram mas acima de tudo curtimos as boas vibrações de estarmos reunidos na pedra.

 

O momento foi muito bem  registrado por Gabi  que editou um bom filme com cadenas e momentos desse dia incrível , destacando a presença de Mandi que será para sempre sacaneado como arroz após o vídeo, assistam no link.kkkkk

 

http://clubinhodamontanha.blogspot.com/2011/05/dia-d-da-escalada.html?spref=fb

 

Já neste sábado 07 de maio, fomos eu e Pati juntos ao Professor Bêra e sua amada Rosinha para auxiliar na produção de uma reportagem para a Rede Globo sobre esportes praticados no DF e região. Aproveitei o momento de ida ao Belchior e como estava com o skate ( um skatinho com shape reduzido) desci uma das inúmeras ladeiras da região de Água Fria de Goiás. Incrível a velocidade, a trepidação e a vibe do lugar.

 

Já no Belchior, no salão principal, foram chegando Álvaro, Carol, Júlio que sobreviveram ao forró da noite anterior e estava m preparados pra escalar muito, junto com o papai Marcelão. Fora uma galera escalando outras vias, em destaque Gabriel que estava malhando o projeto "Piaçava Central", uma junção de vias de alta graduação que poderá ser cotado até mesmo em 11º (sem polêmicas galera, o troço não foi nem encadenado ainda). Outro destaque foi a malhação de Júlio e Marcelão na "Pico de Galo".

 

O lance da reportagem cansa realmente, repetir falas, vai vem na pedra, auxiliar a galera da câmera e ficar dando idéias,  mas acredito que seja válida a atitude de divulgação do esporte. Acabei escalando apenas a via Retaguarda, via essa que eu nunca havia entrado e que foi muito divertida. Resumindo dia completo de skate, climb e risadas na pedra, sobretudo pelo hilariante Lucas Limão e sua interpretação sobre "badagar uma Reducola".

 

Voltamos cedo pra casa e já no outro dia, em meio a uma sinuca de fim de tarde,  Álvaro me relata que quando estavam retornando do Belchior foram parados por uma unidade do Batalhão de Operações Especiais com direito a fuzil, lanterna na cara, retirada dos tripulantes do carro, revista com bancadas testiculares e afins. Vale o alerta galera, sei que nós escaladores somos pessoas de bem, mas se for escalar evite armas e drogas e conheça bem quem compõem o seu bonde.

 

É isso galera, infelizmente ficamos devendo fotos, pois estamos sem câmeras. 

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Mulheres que amamos!

Para movimentar o blog um pouco, apresentamos a francesa Alizée Dufraisse, quanta elegância!




Aproveito para divulgar o DIA D DA ESCALADA EM COCAL



Com o concurso de miss Cocalcinha, para eleger a escaladora mais bonita do cerrado. Hehehehe!

terça-feira, 12 de abril de 2011

Partiu Rio?? (parte 1)

Como todos estão cansados de saber, nunca fui com a cara do RJ por inúmeras razões, mesmo reconhecendo a beleza natural do lugar e tudo o que representa pra escalada brasileira desde sempre. Simplesmente "meu santo não bate com o da cidade".

Após inúmeras visitas dos outros integrantes do nosso bonde do quadradinho, com relatos de escaladas divertidíssimas e da minha dívida de visitar o casal Grazi e Seu Cardoso, que já moram por lá há um tempinho, aproveitei uma data "vazia" na agenda de todos e parti na última sexta pela manhã pra curtir um final de semana na casa dos dois. De início já tomei um susto, pois nunca havia escalado trad e o casal já estava programando o meu debut na "pequena" Leste em Salinas, com seus 700 e tantos metros e trocentas cordadas. Devido ao mau tempo, acabamos por ficar no Rio mesmo. Cheguei por volta de 2 da tarde e fui almoçar com a Grazi pra já sair correndo e pagar minha penitência por ser o último a conhecer o "cafofo do Flamengo". Partimos carregando parte da mudança para Santa Tereza, onde será o novo cafofo, que já apelidei de "Arca da Grazi", por sempre aparecer um pássaro, um macaco, um monte de marimbondos e etc. na janela. O lugar é demais, mas deixa isso pra eles contarem no 2nocume em outra hora.

PS: Casal, dessa vez eu fui o 1º a visitar e não tenho que pagar a prenda de ter que abrir aquela porta enjoada quando voltar, blz?


Após a faxina feita, gavetas consertadas, as fechaduras imperradas e um calor dos infernos, voltamos pro Flamengo pra esperar o Leandro chegar do trampo e sairmos pra tomar uma cervejinha perto de casa, onde decidimos que Leandro me levaria pra fazer a clássica combinação: Italianos + Secundo na manhã seguinte e a K2 no Corcovado à tarde, enquanto a Grazi continuava a mudança pela manhã e ia conosco pra K2 depois.

Sob protestos e um arrependimento quase imoral de ter que sair cedo, partimos no sábado pra base da via e chegamos lá umas 8:10 hrs. Deveríamos ter chegado mais cedo, mas meu condicionamento físico acostumado às trilhas de boulder em Cocal e vias de Belchi, Fercal e etc., não é o mais condizente com a caminhada de aproximação. Resultado, quase morri!


Quando chegamos, já haviam 2 duplas escalando e mais 2 à nossa frente... Finalmente conseguimos começar umas 10:30 hrs, com o Leandro guiando e eu de 2º. Ainda na 1ª cordada, em um lance de equilíbrio lá pela 4ª costura, fui levantando meu corpo pra segurar na próxima agarra e a fita de uma das costuras que eu havia retirado ficou presa no "P", bem no meio do move, me travando. Na tentativa de voltar e desenroscá-la, escorreguei e, por muito pouco não levei um "P" cravado nas costelas de lembrança da via. Na queda a costura continuou enganchada no "P", arrancando o rack da minha cadeirinha e jogando mais 2 costuras que nele estavam, na galera da cordada de baixo (por sorte não acertou ninguém e ainda eram amigos do Leandro, quebrando um galho e devolvendo-as pra ele depois).

No mais, excetuando as pernas doloridas e a minha necessidade de troca da sapatilha "confortável" que não me dava a menor segurança, por uma de esportiva, que aperta mais que a super bermuda modeladora do Dr. Ray, a via seguiu sussegada com direito à paradas pra tirar umas fotos e curtir o visu que o dia claro, mas não muito quente, nos proporcionou.

Chegamos ao cume mais ou menos às 14 hrs, depois de uma pequena cordada de aderência, que me fez ter a certeza absoluta de que é mais fácil eu encadenar, à vista e sacando costuras, o primeiro 12º grau brasileiro de agarras no negativo, que um 3º grau de 10 m na aderência... PQP, que saco! Com o avançar do horário (e mesmo que tivéssemos chegado cedo, eu não teria condições morfológicofísicotrópicas de fazer outra via longa no mesmo dia), deixamos a K2 pra outra oportunidade, assim como deixo a continuação desse relato mais pro final dessa semana...

Ficam umas fotos

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Cidade Perdida

O lugar é tão especial que não temos palavras pra relatar.

Fotos

quarta-feira, 30 de março de 2011

Invasão Feminina na Urca e no Blog também!!! A primeira Vez a gente nunca esquece!

Invasão Feminina na Urca e no Blog também!!! A primeira Vez a gente nunca esquece!

Aproveitando o mês de março, nós, mulheres escaladoras , resolvemos invadir esse blog!
E o motivo não poderia ser outro: Relato da invasão feminina 2011 na Urca!
Se o meu companheiro e escalador (Esdras) estivesse relatando aqui falaria que quem mandou escaladoras para cobrir a invasão foram eles, os rapazes que escrevem nesse Blog. Mas é mentira!
A decisão de irmos representar Brasília (carinhosamente chamado de quadradinho) na maravilhosa cidade do Rio de janeiro e apoiar a escalada feminina no Brasil foi de nós mulheres! Mais precisamente, Eu (Patricia), Monique e Dani, contanto sempre com o apoio e pilha da nossa querida Graziela (gaúcha, radicada em Brasília e agora moradora do Rio).
Há mais de uma mês já estávamos com as passagens compradas e combinando qual seria cor da nossa unha para a Invasão. E claro, especulando qual seria cor da camiseta e a logo do evento!!
Bem, como já explicitado no relato anterior, meu excelentíssimo namorido embarcou na sexta feira com todo o nosso equipo e pilhado para a fazer a Chaminé Galotti. Eu,o Júnior (apelido do nosso Crash Pad) Dani e Monique nos encontramos no aeroporto no final da tarde de sexta-feira (18/03/2011) para darmos início na nossa invasão.
Chegando no Rio e fomos direto para a casa da Grazi e do Lê. Deixamos e mala e partirmos para o Bar é claro! A ocasião estava tão especial que até a Dani que geralmente não bebe abriu uma exceção e tomou um Chopp com a gente (temos fotos que comprovam isso)!
Na manha seguinte, acordamos cedo e fomos para a Urca, despachamos o Esdras e o Leandro e partimos para o morro, nossa idéia era fazer a via Vilma Arnauld. Chegando lá eu, Monique, Grazi e Fernanda vimos que já tinha gente na via, mas optamos por aguardar e subir nela mesmo! Enquanto isso a Dani fazia mais uma aula de diedro lá na babilônia.
Fofoca vai, tricô vem, percebemos que o casal que estava escalando já estavam na segunda parada e resolvemos começar a escalar a via, afinal já eram mais de 10 horas da manha e sol estava muito forte (até o tempo cooperou, afinal, depois de dias de chuva o sol apareceu lindo e reinando) e aí vem a pergunta.... quem vai guiar????
Essa pergunta vem pelo seguinte motivo: A Monique está sem escalar a algum tempo e está voltando agora, a Fer e a Grazi estão começando a guiar parede e eu sou um ótima escaladora... de boulder... tenho medo e praticamente não guio via...
Nesse momento a Grazi falou: eu vou tentar! Como boas amigas que somos fizemos aquela vibe pra ela e ela equipou a primeira chapa. Quando foi pra segunda ficou um pouco adrenada e resolveu descer pra tentar de novo e/ou talvez passar para a Fer guiar.
Antes dela começar a equipar a via, passaram por nós, inúmeras mulheres, das mais variadas idades, acho inclusive que éramos umas das mais novas ali... achei isso incrível, aqui em Brasília não temos a oportunidade de ver tantas mulheres mais velhas escalando, me sinto quase uma tia aqui no auge dos meus 28 anos de idade e 2 escalando.
Assim, quando a Grazi desceu olhei para e ele e pedi pra tentar equipar a via ... sei lá, acho que o momento me inspirou... e eu já tinha feito uma parte da primeira cordada de top (que fica em um III grau).
A Grazi e a Fer me mostraram como montar a parada, caso eu chegasse lá, e me poiaram ( o melhor foi elas não terem colocado empecilhos e medos em mim naquele momento). Acho que nunca escalei tão focada e tranqüila nesses 2 anos de escalada... equipei e guiei a primeira cordada ( são 11 P´s, 50 metros). Quando chequei na parada, quase não me contive. Foi o mais alto que já subi, foi a primeira vez que equipei uma via e a primeira vez que guiei uma via que não fosse esportiva. Estava na companhia de mulheres maravilhosas em um momento único.
Como estava muito quente, optamos por não continuar a via. Até mesmo porque estávamos em 4 meninas e depois a Dani chegou e ficamos em 5, caso optássemos por continuar alguém ficaria sem escalar.
A Fer subiu, verificou se eu tinha feito tudo certinho na parada! Em seguida a Grazi subiu e ela desceu para que a Monique (correspondente online do Facebook na Urca) pudesse subir. Era também a primeira vez que a Monique fazia uma via no Rio.
Enquanto ela subia, com uma cara de felicidade extrema, eu e a Grazi cantamos e fizemos coreografia para ela na parada (eheheh)!
Por fim, descemos todas e a Dani também fez a cordada de Top.
Seguimos para a praça para encontrarmos as outras mulheres de montanha e homenagear a escaladora Ro Gelly. Lá conversamos bastante e conhecemos outras escaladoras. Participamos do sorteio de brindes mas a única que ganhou algo foi a Monique!!!
Uma parte que também achei bem legal foi a reação de algumas pessoas aos saberem que fomos para o Rio exclusivamente para participar da Invasão. Talvez ainda não saibam o tamanho do trabalho que fazem!
Na verdade, mais que um relato sobre a Invasão, é um relato de primeira vez... de como uma galera harmonizada pode influenciar nas suas ações. Me senti segura, acolhida e tranqüila na companhia das meninas! E isso fez toda a diferença na escalada, essa minha primeira vez com certeza mudou algumas coisas em mim que irá mudar a minha escalada!!
Obrigada Fer e Grazi pela aula relâmpago!
Obrigada meninas pela vibe!!!!

segunda-feira, 21 de março de 2011

Missão Chaminé Gallotti 18.03.2011

Desde janeiro o plano de escalar a Chaminé Gallotti tomou conta da minha cabeça. Para quem não conhece a história desta mitológica linha cabe saber que ela foi a 4ª via conquistada no Pão de Açucar, no período de 1949 a 1954, com muito esforço e coragem por Antônio de Oliveira, Ricardo Menescal, Laércio Martins, Patrick White e Tadeusz Hollup, todos membros do Clube Excursionista Carioca - CEC. Um dos mistérios que permeia essa linha é o fato dos conquistadores terem se deparado com um cadáver mumificado que se encontrava preso pelo pescoço no trecho referente à segunda cordada da via. Quem quiser saber mais dessa história deixo no final do texto os links e recomendo assistir aos filmes.

Foram quase 3 meses de alimentação regrada, de corridas diárias, slack line e treinos de resistência para que eu pudesse me sentir apto físico e mentalmente para encarar essa via, pois como já falei antes aqui não sou um cara muito forte e não tenho grande preparo físico o que venho lutando diariamente para mudar.

Para mim, escalador brasiliense com grande afeição por boulders, essa via tornou-se um projeto extremamente desafiador por dois simples motivos. Primeiro por que nunca em toda minha vida eu havia escalado algo superior a 150 m de altura, não que eu tenha medo de altura, mas a extensão de uma via diz muito sobre a resistência física e psicológica para realizá-la. Segundo porque eu nunca havia escalado, treinado ou aprendido a técnica de escalada em chaminés e teria que enfrentá-las durante toda a via.

Enfim, era um desafio enorme e para topar realizá-lo somente alguém com tão pouco juízo e muita pilha como eu, mas com grande conhecimento e técnica em escalada, ou seja, Leandro Cardoso. Leandro e Grazi (casal 2nocume) são os grandes responsáveis pela minha atração pela escalada tradicional (se é que esse nome cai bem), sempre me incentivando a retornar ao Rio de Janeiro para me dedicar a outro estilo de escalada que não seja boulder hehehe.

Minha ida para o Rio de Janeiro foi adiada na quinta feira devido às tempestades que alagaram Brasília tornando impossível decolar. Sexta-feira pela manhã parti para o Rio de Janeiro onde encontraria com Grazi e Leandro e ficaria esperando por Patricia, Monique e Dani que chegavam com destino à Invasão Feminina 2011, evento que será melhor abordado em um relato específico. Chopinho de boas vindas muita conversa no bar e algumas horas jogando UFC no Playstation 3 do Leandro onde nos dedicamos ao aquecimento dos dedos para a empreitada.

Sábado 8h da manhã, a Urca estava tomada por camisetas roxas do evento Invasão Feminina, incluindo eu (Esdras) que vesti a camisa em apoio ao evento. Fomos guiados pela trilha íngreme até a base da via por Rodrigo, escalador carioca e grande amigo que tentou nos alertar para o desafio à nossa frente. As descrições de Rodrigo eram ótimas e estimuladoras como extremamente suja, estreita, difícil e pra finalizar a tradicional frase: - Essa via é um quinto grau, mas é um quinto grau de chaminé. Melhor que isso foi a cara e a risada dele quando eu disse que nunca havia feito uma chaminé na vida. Mas nada disso abalou a idéia de escalar aquela via, pelo contrário, me senti ainda mais estimulado pela roubada que se apresentava.

Iniciamos a escalada por uma canaleta extremamente suja, cheia de mato e terra e assim foi até a segunda parada, alternando trechos de canaleta, aderência com boas agarras que não assustou. Leandro seguiu guiando para a terceira enfiada onde se iniciam os lances de chaminé. Na seg, eu mantinha a cabeça pensando positivamente, lembrando de como deve ter sido insano para os conquistadores realizarem aquela escalada. A comunicação com Leandro já não existia e passei a dar segurança cega, o que causa bastante ansiedade. Relaxei e Leandro recolheu a corda permitindo que eu iniciasse a escalada. Confesso que o primeiro momento de chaminé é bem intuitivo (pelo menos para mim), porém lidar com o estreitamento torna a tarefa realmente assustadora ainda mais se você tenta fazer isso com a mochila nas costas. Após ficar entalado, desloquei a mochila e pendurei na solteira, o que tornou menos problemático o lance. Entrei em uma espécie de escada estreita e segui a chaminé sob a orientação do Leandro que descreveu bem o final desse trecho: - Isso aqui pareceu um parto.

A via continuou alternando lances com agarras até um platô um tanto assustador por ser macio e cheio de plantas (o Leandro derrubou parte dele quando pisou provocando uma avalanche de terra hehehe). Leandro seguiu para mais um trecho de chaminé que passava por uma enorme pedra entalada. Essa cordada foi ainda mais forte para o psicológico, pois na seg eu não tinha notícias de Leandro e a corda passou muitos minutos parada me levando a recolher e a permanecer ali, a mais de 100m de altura admirando a paisagem e atento ao freio. Leandro deu sinais na corda e seguiu e de repente começou a ser recolhida.


Chegamos enfim no chamado “Lance do Estribo”, um artificial que rapidamente foi superado por Leandro. Porém, no momento de limpar o segundo estribo, a peça estava extremamente presa e eu ficara preso pela cadeirinha ao pequeno platô. Após literalmente ralar o umbigo, consegui recuperar o estribo e a peça e subir no platô com o coração na boca de tanto fazer força e de tanto medo de cair. Detalhe, eu também nunca havia escalado em artificial.

Já no platô que fica interno à chaminé cuja ancoragem é em um bico de pedra nos deparamos com o trecho mais complicado da escalada. Uma chaminé anterior a conhecida como Chaminé da Gia (chegamos a conclusão depois que deveria se chamar o cú da gia) que possui um estreitamento (tetinho) no qual a proteção deve se localizar a uns 10 metros do Platô. Após o descanso e um pequeno registro em filme Leandro tentou o lance um pouco pela esquerda evitando o temido estreitamento, porém percebeu a dificuldade e tentou desescalar devido às câimbras nos braços. De repente Leandro cai a cerca de 4 metros acima de mim e vem até o platô onde eu estava ancorado (lembrem-se no bico de pedra) ,após me chutar ele cai sentado no platô sem bater os pés e amortecido pelas mochilas. Abaixo de nós havia pelo menos 30 metros de chaminé.

Demoramos bons minutos nos recuperando do susto e das possibilidades que aquela queda significava. Leandro, porém demonstrou controle, inverteu o sentido que estava escalando, se alinhou na direção do distante “P” e tocou os dez metros de chaminé desprotegida. Chegando lá em cima notei que ele hesitou e passei a incentivá-lo até a costurada, mas tremendo de medo. Confesso que nunca fiquei tão feliz em ouvir um som de mosquetão como naquele momento. Leandro tocou a escalada pelo lance por mais duas costuras até o platô da árvore.

Nesse momento pensei em desistir da escalada, mas após ver a coragem de Leandro enfrentando aquele lance decidi que ia até o final a todo custo. Por incrível que pareça, escalei calmo e superei o lance até o “P”, porém na sequência da chaminé extremamente estreita, não conseguia realizar o movimento de saída, pois não era possível sequer girar a cabeça, fui seguindo os betas do Leandro e tive que me pendurar na corda para conseguir virar o rosto e dar fim ao martírio.

Após todo perrengue os últimos lances pareciam um passeio na floresta, onde a escalada se alternava com cipós e troncos de árvores. Final desse lance, segundo o croqui deveríamos seguir cerca de 50 metros até encontrar a trilha. Porém nos deparamos com as duas cordas extremamente emboladas e com uma mata fechada à frente.

Após a tentativa frustrada de desenrolar as cordas, decidimos seguir com o bolo de cordas na mão e por algo que parecia a trilha. Fui a frente do Leandro (único trecho que guiei hehehe) rompendo o bambuzal no peito e extremamente irritado por culpa de cipós que me enforcavam a todo momento. Chegamos enfim no calçamento da estação do bondinho do Pão de Açúcar, após 6 horas de escalada, extremamente sujos e com muita sede, mas com a alegria de ter realizado uma grande escalada. No cume podemos compreender o que o Guia da Urca quis dizer com a frase. “Uma verdadeira escalada de aventura”.

Ficamos tão exaustos que o restante do fim de semana foi dedicado a alimentação,descanso e cuidados com os diversos ferimentos da batalha. O relato não contou com fotos por uma simples razão, fiquei com medo de derrubar o celular lá de cima e o tremor nas mãos(adrena) não permitia que as fotos ficassem descentes, por isso optei por filmar. Se quiser ouvir o Leandro falando aumenta bem o som porque o celular não pegou bem kkkkk

Vídeo 1


Vídeo 2


Vídeo 3



Links sobre a gallotti
http://www.mundovertical.com/utilidades/mumia.htm
http://www.companhiadaescalada.com.br/croquis/croquis-fator2/cr35.jpg
http://www.montanhar.com.br/filme_gallotti.html
http://www.youtube.com/watch?v=pADFsVAzXDQ

segunda-feira, 14 de março de 2011

Ressola de sapatilha – Será que vale a pena?

A globalização e as mudanças nas taxas cambiais refletem em todas as formas de consumo, e na escalada não seria diferente. Hoje temos a possibilidade de comprar equipamentos de marcas gringas seja por sites, por lojas nacionais revendedoras ou por aquele brother que  vai pra Disney e traz pra você. De fato vivemos um bom momento de acessibilidade a equipamentos de escalada, tanto que até falsificações já existem.

Acertar na compra de uma sapatilha de escalada é sempre um mistério, cada marca tem seu shape e sua numeração o que faz com que muitas pessoas errem na compra e acabem revendendo (para a sorte dos amigos). Outra característica das sapatilhas é a paixão que determinados modelos causam em seus usuários, tem gente que não troca o modelo de sapata nunca.

O que fazer com aquela sapata boa, confortável que já pegou a forma do seu pé e  que simplesmente teve a sola destruída?

Comprei uma Mad Rock certa vez que era extremamente confortável, porém, pela inabilidade de iniciante, pelas características da borracha e pelas facas do calcário do Belchior (pico de escalada esportiva próximo a Brasília) acabei rasgando a sapatilha em menos de 2 meses de uso. Era jogar fora ou ressolar. Sempre penso 10x ante de jogar coisas no lixo ainda mais uma sapatilha inteiramente nova que teve a infelicidade de rasgar.

Durante muito tempo relutei sobre a possibilidade de ressola (achava que o preço não compensava em relação a uma sapata nova), porém no final do ano passado tive a oportunidade de ir ao Rio de Janeiro onde deixei minha sapatilha para ressolar com o Fabiano Ressolas. Infelizmente Fabiano parece ter finalizado a atividade de ressolas.

De volta com a sapatilha furada e ocupando espaço em casa resolvi que ia ressolar de uma vez por todas. Procurando por serviços dessa natureza lembrei que o André Berezoski (conhecido como Belê) realizava ressolas. Belê sempre foi para mim o tipo de escalador exemplo, lembro-me de acompanhar pela internet sua saga com o boulder  “Dia Santo”. Um cara como Belê não faria um serviço ruim em uma sapatilha pelo simples fato de que ele usa e sabe a importância das “sapatas” em nossas vidas.

Enviei minha sapata e surpreendentemente em 01 semana recebo a mesma de volta, em uma bela embalagem e com um serviço impressionante. A qualidade da borracha “vibran” e o acabamento do novo bico são muito bons.

O total do serviço ficou em R$ 110 reais, porém o total do sedex Brasília <-> São Bento Sapucaí deu um total de R$ 68, o que realmente encarece o processo.

Dica do dia: Cada caixa padrão de sedex é capaz de suportar 3 pares de sapatilha o que reduz em muito o custo total das ressolas. Nesta experiência só me arrependo de não ter agrupado alguns amigos que gostariam de ressolar sapatilha para baratear o Sedex.

Fica ai a experiência .  Quer ressolar?
SOS sapatilha – Andre Berezoski -  bele@casadepedra.com.br

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Baseado em fatos reais 2011 – Uma nova fase.

Namorando firme e com foco na escalada, Júnior  segue sua saga de vida trabalhando, estudando e escalando pelo Planalto Central. Há algum tempo, Dalila vem percebendo um certo desinteresse de Júnior  pelos boulders em Cocalzinho e percebeu que ele está malhando mais, correndo e mudando de hábitos. 

Em  uma sexta feira qualquer aquele tradicional telefonema noturno.

[Dalila] – Eae Amor qual vai ser a escalada nesse fim de semana? Partiu Cocal?
[Júnior]- Então Gata sabe o que é, ando na pilha de escalar outras coisas, mudar um pouco o estilo. 
[Dalila] – Mas tá pensando em escalar alguma coisa diferente?
[Júnior] – Sei lá, o Roger andou botando pilha de fazer  uns lances com ele.
[Dalila] – Como assim "com ele"? Quer dizer que vc não quer que eu vá?
[Júnior] – Pô Dalila , não é bem assim. É que tem um pico lá pro lado de Unai que é meio perrengue, tem que ir agilizado, menos gente essas coisas.

Dalila como boa escaladora de Cocal, nunca sequer ouviu falar de Unai, mas buscou ser compreensiva.

[Dalila] –Unaí ??? Nunca ouvi falar. Vai lá então, eu vou pra Cocal com a Monicão e a galera. Vamos montar um bonde mor. 
[Júnior] – Muito bom, domingo nos vemos e ai você me conta como foi, é até bom porque eu estou fugindo de bonde. 
[Dalila] – Tá bom. 

No fundo Dalila ficou intrigada. Nunca ouvira falar de escalada em Unaí e começou a achar estranho o Júnior querer escalar com o Roger, afinal o Roger nunca vai pra pedra. No fundo da sua cabeça apaixonada a dúvida e o ciúme começam a fazer efeito. 
 
[Dalila] – Ai tem coisa. 

Como  Dalila possuía as senhas de email de Júnior (erro comum na vida de casais) , ela decidiu dar uma vasculhada, afinal em sua cabeça é melhor prevenir do que remediar e esse comportamento do Júnior lhe parecia muito estranho. Toda hora salada, correndo todo dia, malhando resistência nos treinos do Bêra.  Dois ou três cliques depois, caixa de entrada  do gmail e ela se depara com aquela tradicional mensagem "Bate papo com Roger", no momento que viu ela não se conteve e começou a leitura.

[Júnior] –  Então cara tudo certo né?
[Roger] – Tudo certo leke, pode ficar tranqüilo. 
[Júnior] – Mas aê lá é seguro? Tem muita gente?
[Roger] – Cara fica tranqüilo, é seguro e ninguém aparece. Nunca vi um conhecido por aquelas bandas, no máximo alguém local. 

[Pensamentos de Dalila] – Que papo é esse de ninguém conhecido? Esse safado ta com medo de ser visto por que?

[Júnior] – Mas o esquema é tradicional mesmo né? Tô cansado dessas coisas daqui de Brasília. Quero algo diferente, pelo menos duas enfiadas. 
[Roger] – Leke lá a parada menorzinha é de 4 enfiadas. 
[Júnior] – Massa é isso mesmo que eu estou procurando. 
[Roger] – Mas aê tem que levar muita proteção, afinal segurança em primeiro lugar.

[Pensamentos de Dalila] – Filho da Puta, Cachorro, Safado. Tá é marcando de ir pra um puteiro com certeza, e o pior com pedofilia e suruba. Esse Roger nunca me enganou, com esse papinho de vegetarianismo , amor aos animais , eu sabia que esse cara não era santo. Isso não vai ficar assim. 

Em sua raiva irracional Dalila liga na mesma hora para Júnior. 

[Júnior] – Fala Amor, tô aqui arrumando os equipos. Amanhã vai ser pauleira.
[Dalila] – Para de mentir seu canalha, safado. Eu já sei de tudo, de suas fantasias de dupla penetração e suruba. Você é um tarado, pervertido e doente, nunca mais quero te ver. 
[Júnior] – Do que você está falando? Não tô entendendo nada.
[Dalila] – Eu sei dos seus planinhos de ir para lugares escondidos, sem encontrar conhecidos e preocupado em mais enfiadas. Que porra é essa? Nunca pensei que você poderia ser assim, e não tente argumentar, eu li toda sua conversinha com o safado do Roger. 
[Júnior] – kkkkkkkkk. Guria você tem problemas mentais. Essa vida de só escalar em Cocalzinho te fez mau mesmo. Estou indo escalar vias em Unaí. Lá a escalada é de duas ou mais enfiadas ou cordadas como você preferir chamar. Só não te levo porque nunca escalei isso, me preocupo com a sua segurança e você sequer sabe fazer um rapel. 
[Dalila] – Como assim? Duas enfiadas? Escalada trad? É Isso?
[Júnior] – Isso mesmo psicótica, Unaí é o único pico para essa prática aqui perto, depois disso só em Minas Gerais, Rio de Janeiro ou São Paulo. Como você pode desconfiar de mim assim?
[Dalila] – É que você está todo diferente, malhando, correndo e comendo salada. Achei que você estava tentando ficar mais atraente.
[Júnior] – Deixa de ser maluca. Só estou fazendo isso porque escalar horas em uma parede exige resistência e afinal de contas eu fiquei meio gordinho depois das festas de fim de ano. Olha só, vou esquecer esse seu ataque de ciúmes e vou desligar porque amanhã saio daqui as 6h. 
[Dalila] – Desculpe por toda essa loucura, prometo me controlar e parar de investigar sua vida. Boa escalada e aprende direito onde é o lugar pra me levar. 
[Júnior] – Pode deixar. Tchau.

*Roger é um personagem conhecido e emblemático da escalada brasiliense já homenageado aqui no blog. 
**Mais uma prova de que Brasília é um local priveligiado para a escalada, Unaí-MG fica a cerca de 100 km de nossa cidade e possui vias de até 100m, com proteções fixas e móveis. Segundo escaladores  brasilienses há potencial pra muitas vias inclusive esportivas.
*** Agradecimento especial ao Luis (Francês) que soltou uma das piadas aqui contidas e que cobrou ontem novas histórias de Júnior. 

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Pode um fracasso ser divertido?

Desde o ano passado venho me dedicando a melhorar minha escalada e a ter mais foco na minha vida, tentando sempre me manter em movimento e buscando a harmonia entre o corpo e a mente. Uma das atividades que para mim consegue reunir equilíbrio, meditação e foco é o slackline.

Assim como o malabares, quando comecei tive dificuldades, porém com a persistência posso dizer que hj ando com certa facilidade. Minha motivação com o slack não é algo recente e tenho buscado tornar essa uma prática de meditação minha, pratico diariamente, preferencialmente sozinho e em locais sem muito público curioso. Como moro em uma cidade, procuro me esconder em uma área verde próxima a minha casa, mas a proximidade com a rodovia torna as buzinas, gritos e afins um desafio a mais para a concentração, nessas horas só o som alto para ajudar.

Sábado após um belo dia de slack a beira do Lago Paranoá retornei para casa certo de que tava na hora de tentar algo diferente e parar de adiar meus projetos, por mais simples que eles sejam. Chega de ficar especulando e argumentando que preciso de mais equipamentos, ou outros entraves que criamos para bloquear os sonhos.

 Dentre minhas vontades estava praticar o slackline no Poço Azul, buscando agregar o elemento altura e água ao slackline. Já tarde da noite entrei no gtalk, vi o Fera online e decidi que ele seria um bom parceiro para ir comigo, naquele esquema sem bonde, sem muita conversa, só pelo prazer de conhecer um novo lugar ou um velho lugar com um novo olhar. Fera é um brother com uma vibe massa, que sabe valorizar a sutileza das coisas boas da vida e ele prontamente topou.

Saímos de casa às 7:00h e após 64km sendo cerca de 30km de estrada de chão enlameada e esburacada chegamos as 8:30h no poço e já havia gente, e muito lixo o que demonstra os problemas da proximidade de um paraíso desses e a falta de consciência dos frequentadores. Buscamos agilizar o processo de armação do slack, iniciando por uma medição da altura e da largura utilizando um rolo de barbante marcado de metro em metro.

Chegamos a medição de 4 metros de altura de queda e 8 metros de travessia na fita. A chapeleta previamente colocada no local estava completamente solta e quando encostei para aperta-lá com uma chave 14 ela simplesmente caiu no poço, como se o parabolt tivesse sido cortado. Ainda tentei laçar bicos de pedra e armar sem proteção fixa, mas na outra margem percebi um parabolt fixado, porém sem chapeleta. Acabei assim desistindo em nome da segurança.

É claro que foi frustante, o sol tava perfeito e eu já havia feito tanto por isso, e nem mesmo dormi a noite pensando em como seria. Mas decidi que ia curtir mais aquele local. Saltei das pedras experimentando a sensação do que seria a queda da altura do slack, estudei as margens e vi novas possibilidades de proteção para o slack. Fora isso, saquei a sapatilha snake moída pelo tempo e dentro da gruta do poço iniciei minha primeira escalada caindo na água (acho psicoblock um nome meio estranho e muito pretencioso).

Cheguei a subir cerca de 3 metros por uma fenda em oposição e com entalamento de joelho, nada muito difícil, mas a continuidade era em buracos e regletes difíceis para a mão molhada e cada queda exigia natação até a base e todo esforço de novo. Escalei assim por cerca de 1h, entre descansos e entradas minhas e do Fera que também botou pra jogo descalço e com a sapata. Foi uma escalada de descoberta, de cada agarra, do medo dos buracos onde andorinhas e aranhas dormem, mas foi simplesmente incrível. Cheguei a tentar um movimento dinâmico e voar inesperadamente de cara na água e posso dizer cair na água dói mais é engraçado demais.

Meio dia retornamos pra casa após 4h de muita diversão. A frustação do slack não resolvido deu lugar a uma fome de cachoeira, aos calos lixados pela pedra e pela água e a certeza de que o importante é se aproveitar o que se tem e projetar melhor o que se quer viver. A cada dia que passa sinto-me mais agraciado por estas pequenas coisas.

Já no caminho pra casa, em meio a estrada de chão e fazendas dei carona a um andarilho com uma cargueira que estava desde sexta feira acampando pelo cerrado e caminhando em trilhas, ou seja mais uma vez  destino operou e mais um maluco concluiu sua aventura.

Final do dia e eu fico me perguntando se realmente é importante relatar esses acontecimentos, se o simples prazer de ter essas memórias vivas comigo não é o suficiente. Chego a uma pequena conclusão de que escrever essas coisas é minha forma de fotografar minhas vivências, e que faço isso para agradecer a vida por essa e por outras oportunidades.

Ass: Esdras

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Relato e reflexão




Antes de mais nada, este é um post filosófico de um iniciante, repito. Não narro e talvez nunca narrarei grandes vias ou boulders em termos de graduação, mas aprendi a valorizar cada emoção de cada boulder mandado, de cada movimento aprendido, de cada via terminada até o fim mesmo que de top rope. Sou um cara que busca apenas sua própria superação e não tenho vergonha de dizer: - Minha companheira escala mais grau do que eu hehehe.
Esse blog sempre significou para mim o relato de aventuras de um iniciante em uma prática esportiva chamada escalada, aqui gastei parte da minha criatividade em escrever (que não é muita) sobre um esporte. Um esporte simples, primitivo mas que é capaz de causar uma mudança de vida em que passa a ser aficionado por ele. Depois que eu comecei a escalar fui levado a viver grandes descobertas, técnicas, culturas, lugares incríveis, a lidar com o fracasso e saborear as pequenas vitórias, sempre ao lado de grandes amigos e partilhando dessa paixão com a minha esposa, tudo isso em apenas 02 anos. Sim, apesar de apenas 28 (quase) anos sou casado e tenho a grande sorte de escalar com minha companheira.
Esse fim de semana, contrariando a preguiça e o tempo nublado (que tornou-se chuva já no caminho), percorri os tradicionais 120km até Cocalzinho-GO para escalar boulder. Quem me conhece sabe que eu não tenho uma Land Rover capaz de transpor facilmente a pirambeira da estrada do pseudo-parque dos Pirineus e que com esta chuva a estrada torna-se um castigo pro meu carrinho ainda não pago.Porém eu fui até lá. Escalei apenas 3 problemas não superiores a V2 e de repente a chuva desabou.
Já sob o teto da Casa da Cobra ficamos eu e Pati, conversando com Cintia (GO), Zé Roberto e um casal de Goiânia que eu nunca lembro nome, mas que já encontrei em Araxá-GO (desculpa a falta de educação de falar de vocês aqui e nem colocar o nome). Papo vai e papo vem, Eu e Pati decidimos partir na chuva mesmo e voltar para casa, afinal não haveria mais escaladas naquele dia.
Zé Roberto estava ali desde terça feira, bivacando ou acampando, com uma bicicleta, um crash um hallbag e uma mochila e no bate papo ele pergunta se estamos sozinhos e se o carro tava vazio. Resultado, Zé Roberto ganhou sua carona, retornando pra casa, o que por si só já demonstra como o destino opera a favor dos loucos (se alguém refletir ai não é todo carro que cabe 02 crashs grandes, uma bike, um hall bag, e 3 pessoas ou seja mais que uma carona, Zé Roberto ganhou na loteria hehehe). 
Refletindo sobre isso percebi que essa vontade que move a mim um mero iniciante a ficar rodando tantos quilômetros para escalar um período de poucas horas (hoje minutos) é a mesma que leva um forte escalador como Zé a se lançar por dias no compromisso solitário de escalar. É a simples vontade de estar na pedra, de estar conectado com essa energia, que faz parte de qualquer estilo de escalada e em qualquer nível. É resgatar a energia que move a criança a brincar e que para nós urbanóides se perde só sendo encontrada no contato com a natureza.
Hoje estou agradecido, sobretudo pela sorte grande de ter uma companheira que além de me aturar, cuidar de mim e me motivar a ser melhor, compartilha comigo a mesma vibe de querer ir para pedra sem muita gente, sem compromisso, sem projeto, sem competitividade, só pelo simples prazer de escalar, de xingar os erros e comemorar os acertos. Mesmo acordando cedo e de mau humor ela foi hoje pra pedra e só me deu seg, só pra me fazer feliz (na verdade ela deu azar e a chuva começou antes de irmos para algum boulder que ela realmente queria).Sou realmente um cara abençoado.
Muitos escaladores ainda desprezam o boulder enquanto prática e criam a idéia absurda de que boulder não é escalada, a estes eu só tenho uma coisa a dizer. Espero que a felicidade e a diversão que eu sinto ao subir um bloquinho de 2m de altura seja a mesma que você sente ao escalar 20 metros em uma via esportiva ou 200m em uma escalda tradicional. Hoje entendi o que já li em algum blog: O melhor escalador é aquele que mais se diverte.
Por fim (sei que a grande maioria de leitores não deve ter tido paciência com o longo texto) depois de tanta sensação boa fico pensando se realmente vale a pena relatar esse tipo de coisa , mas essa reflexão fica para outro post ou para nenhum mais.

Ass: Esdras

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

A VELHICE E A ESCALADA

Mesmo a mais de um mês sem atualizar o blog (mas com muita escalada e slackline rolando) aproveitamos a data de hoje para incentivar a tod@s escaladores que acreditam que estão ficando velhos para a escalada. 
Hoje é aniversário de Alvaro (editor preguiçoso deste blog). Alvaro, no alto de suas 28 primaveras rompidas, mesmo sendo ranzinza como um velho de 60 anos, mantém-se firme e forte na luta para manter-se jovem. Este empresário do ramo hoteleiro é um escalador overall, praticando boulder, escalada esportiva e escalada tradicional sendo um exemplo para os idosos que desejam iniciar atividades outdoor . 

Parabéns Senhor Alvaro Alvares , Tiozinho, Batata, Alvinho....

Fiquem ai com as fotos da última grande aventura deste intrépido escalador