quinta-feira, 27 de maio de 2010

Bêra é do gueto – Cocalzinho – Setor Esparadrapos

Bonde formado, dia lindo e todos no horário (incrível Bêra, Rosinha, Dani, eu (Esdras) e Pati todos prontos na porta da minha casa às 8h). Partimos para Cocalzinho com a missão de fazer o Bêra escalar boulders que ele nunca escalou. Para quem não sabe Rodrigo Bêra é um “escalossauro nanicus” responsável pela a abertura de inúmeras vias em Belchior e Fercal e pasmem, já abriu boulders clássicos em Cocalzinho com parceiros antigos. Ele também é proprietário do Muro de Escalada da IBITI onde treinamos.

Todo mundo sabe que não tenho muito referencial e senso de direção, mas segui os betas da galera de Goiânia e pelas lembranças das rochas do vídeo “The Firsts” achamos o setor. De primeira entramos em um boulder simples que apresentava marcas de magnésio. Bêra mandou rápido e eu, Rosinha e Pati mandamos na sequência. Dani se enrolou e mandou de segunda.

Entramos em seguida numa linha ao lado do “Porpechens i’m sorry” (vide The Firsts) , Bêra mandando à vista, Rosinha mandando de segunda, Pati de segunda, eu e Dani ralamos mas mandamos.

Após isso Bêra e Rosinha mandaram um High Ball enorme e com a base tensa, mas mostraram domínio da adrena pois o resto do bonde não encarou.

É claro que achar os boulders não foi fácil, íamos pelo instinto e pelas marcas de magna. Em uma pedra sem marcas, negativa com regletes perfeitos e agarras diversas, Bêra enxergou e mandou à vista uma linha.Porém percebemos que na agarra de saída havia uma setinha branca desenhada, Pati chegou no fim mas não dominou (bundou por insegurança kkk), eu isolei todos os moves, machuquei a mão e não mandei, Rosinha e Dani evoluíram e nada. Vendo o vídeo depois e pesquisando no 8ª.nu descobri que malhávamos o boulder “Síndrome de Jah” (V5), uma linha incrível.

Em frente a esse boulder havia uma aresta com uma agarra meio quebrada, Bêra mandou, eu entrei e quando fiz a saída a agarra inicial saiu inteira na minha mão. Outra vez vendo o vídeo percebi esse era o boulder “Até lá em cima” que agora está sem a agarra de saída (desculpem os conquistadores, a linha é muito legal).

Finalizando, fomos a um bloco negativo com uma saída em cristal e com regletes rasos como facas onde o Prof. Bêra enxergou uma linha hard e muito bonita, daqueles boulders de 4 movimentos. Não havia marcas de magna e apenas Bêra e Pati tentaram o que para mim deve ser um V6 ou mais, mas não rolou.

Voltamos para casa felizes pelo dia de escalada e pela oportunidade de disfrutar de um novo setor com boulders divertidíssimos e na sombra. Os únicos defeitos do local são: o excesso de insetos e bases um pouco tensas, com pedras pontiagudas e de difícil caminhada difícil, pois o mato encobriu boa parte das trilhas.

Deixo um agradecimento pra galera que fez o vídeo “The Firsts”, massa demais poder se orientar e descobrir linhas.

Fotos do Bêra:

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Hajaaa!!! Essa é para quem acha que tem resistência.

Geralmente não noticio aqui cadenas e feitos no mundo da escalada, porém com as cadenas de baixa graduação da galera do AVPAF fui forçado a voltar a buscar inspiração na internet e me deparei com este grande feito.

Esse vai para quem adrena no Muy Expuesto (V2) em Cocalzinho ou para quem grita TRAVA em qualquer viazinha esportiva.

Alex Honnold (escalador mutante das orelhas enormes) encadenou um 7b (FR) de 350m de parede e um 6b(FR) de 250m em “solo integral” este último à vista (isso mesmo zela, mandou sem cordinha nem nada).

Não satisfeito com a façanha, o monstrinho desceu (desescalou) por outra via 6a(FR) no mesmo estilo solo.

Será que o cara está na resistência??? Hajaaaa!!!

Fonte: Desnivel

terça-feira, 11 de maio de 2010

Não escale no Dia das Mães


Sabádo 08 de maio, sol, céu sem nuvens e véspera do dia das mães partimos eu (Esdras), Pati e Álvaro para Cocalzinho-GO no outro carro Rodolfo e Monique (isso mesmo galera, Rodolfinho na pedra de novo). Já dentro do parque percebemos que aquele sábado era especial mesmo. Todos os setores com carros estacionados e da pista se via a galera tentando boulders.

Partimos para o Mocó, pois eu nunca havia escalado ali. Após um rolê de reconhecimento decidimos entrar no Fendinha (v1). Eu já queria a um tempo tentar esse boulder mas nunca o menosprezei. Já a Pati (que está forte pra caraio) chegou dizendo:

-Vamos entrar nesse ai pra aquecer.

Conforme vi no vídeo, fiz a saída de pé e mandei fácil, porém utilizando um “cabeção” que rola na fenda ao lado. Como tudo tava muito fácil e haviam duas agarras de saída abaixo, Pati fez o SDS do boulder o que me obrigou a entrar de novo e fazer a linha SDS e sem utilizar agarras ao lado.


Álvaro entrou no boulder saindo sentado e encadenou utilizando um pé no diedro. Após protestos ele repetiu o boulder. Já Rodolfo fez uma saída alternativa (até agora não entendi, era meio sentado, meio em pé usando uma agarra longe) e blefou no meio do boulder.


Mesmo com o sol castigando resolvemos experimentar o “Mãos ao Alto” (V2), um clássico com uma saída diferente e um tetinho que dá o nome ao boulder. Álvaro deu um primeiro pega e não se encaixou bem. Pati também deu um primeiro pega e nada e de repente um fato inédito. Eu (mundialmente conhecido como fracote) me encaixei no boulder e evolui bem, mas cai após o teto. Rodolfo também tentou e realizou a saída, mas ficou sem reação no teto. Assim, após inúmeras tentativas, senti que ia rolar de mandar o boulder.


Partimos para o “V2 do fax”, boulder curto cerca de 4 movimentos com uma saída horrível. Álvaro malhou muito e ficou bem, porém sem fazer a saída. Pati também saiu do reglete e evoluiu, mas sem cadenas. Rodolfo e eu experimentamos o boulder, mas nenhum dos dois se moveu.


Voltamos ao “Mãos ao Alto” já no final da tarde sem o sol. Álvaro após duas entradas se arrumou e encadenou o boulder, Pati e Rodolfo ficaram na mesma e eu cheguei a evoluir um movimento, mas nada de cadena. E finalmente Monique colocou a sapatilha e deu uns pegas no Mãos ao Alto.


Para finalizar fomos para a Casa da Cobra onde tentamos o “CockPit” (v3) e apresentamos o Assassino de Playboy (V2) para o Rodolfo. Álvaro tentou diversas vezes o “Ping Pong” V5 (iniciando em pé V4) e em uma dessas tentativas me arremessou contra a pedra onde bati a cabeça e ralei as costas, ele finalmente alcançou o fim do boulder, mas não dominou.


Passamos a noite em uma pousada em Pirinópolis num quarto para 5, abandonando assim a idéia de dormir em barraca, pois a diferença entre o preço do quarto e do camping era muito pequena. Pizza, feirinha de artesanatos, presentes pra mamãe e uma noite mal dormida.


No dia seguinte, Rodolfo e Monique partiram para o almoço de Dia das Mães e nós ficamos novamente no Mocó. Entrei no “Mãos ao Alto” e cheguei no domínio do boulder por 3 vezes seguidas mas não encontrei um pé que me auxiliasse (sabe aquela sensação de estar a menos de 10 cm de uma agarra e não alcançar?). Álvaro evolui no V2 do Fax mas ainda não encontrou a resposta para a saída e Pati finalmente conseguiu evoluir no Mãos ao Alto chegando à agarra após o teto. Ainda acho que não encadenei pela culpa de estar escalando no Dia das Mães.


Voltamos voando para casa, pois eu e Pati ainda almoçaríamos com minha família provando que não sou tão desnaturado assim hehehe. Passei o domingo lembrando daquelas apresentações que se faz na escola quando se é criança.


“(...) mamãe, mamãe , eu me lembro o chinelo na mão
O avental todo sujo de ovo
Se eu pudesse eu queria outra vez mamãe
Começar tudo, tudo de novo”

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Baseado em Fatos Reais – Dilemas de Junior

Toca o celular com o ring tone "I gott’a feeling".

[Junior] – Fala leke . Qual é a boa?
[Mosca] – Então, partiu Cocalzinho? Saímos hoje, bivacamos na Casa de Cobra e já é. Só volto pra casa domingo à noite.
[Junior] – Porra leke domingão tem o Dia das Mães, a galera lá em casa vai xaropar se eu não for.
[Mosca] – Fii , manda uma cesta de café da manhã e aparece domingo a noite pra jantar com sua mãe. Deixa de ser juvenil.
[Junior] – Leke, não é assim não. Afinal é minha mãe, tenho que prestigiar a veia.
[Mosca] – Leva ela pra Cocal então porra. Garanto que sua mãe manda o “Bem Vindo” em menos entradas que você. KKKKK!
[Junior] – Cala a boca. Vixi peraí que tem outra ligação aqui. Já te ligo.

Telefone vibrando... Junior atende.

[Dalila] – E ae Junior esse fim de semana nem rola de escalar tenho que ficar com minha mãe e fazer uma presença. Você podia almoçar lá em casa sábado e conhecer minha família. O quê que acha?
[Junior] – Um, é que..., então. Pô gata o Mosca tava me chamando pra escalar em Cocal.
[Dalila] – Ué? E o dia das mães???
[Junior] – Ele deu a idéia de escalar e voltar domingo. O que vc acha?
[Dalila] – Carai véi não to acreditando!!! Você além de ser um filho desnaturado é um namorado ausente??? Qual é Junior? Te chamo pra rangar na minha casa, conhecer minha mãe e tu me vem com essa?
[Junior] – Calma gata foi só uma idéia.
[Dalila] – Calma nada. Vai lá idiota. As pedras estão naquele mesmo lugar a milhares de anos, já sua mãe e eu ...
[Junior] – Calma véi pra quê esse terrorismo? Já mudei de idéia, pode deixar, sabadão vou na sua casa e ainda levo um presente pra veia.
[Dalila] – Você que sabe. Faz o que você achar melhor.
[Junior] – Gata, relaxa foi só uma idéia besta do Mosca. Peraí que vou retornar a ligação dele e desmarcar a parada.

Suor na cara, mão tremendo. Junior liga pro Mosca.

[Mosca] – Fala lekão!!! É nóis em Cocal?
[Junior] – Pow Mosca nem vai rolar. A Dalila botou uma pressão pra conhecer a mãe dela, é dia das mães. Sabe como é...
[Mosca] – Caraio Junior tu é um pau mandado. Cocal tá lá na aderência mor e você com papinho de conhecer sogra. Vou abrir um boulder pra você lá no Mocó. Vai chamar “Bem Vindo à Casa da Sogra” hauhauhauhauhauhau!
[Junior] – Leke , não sou pau mandado não. Tem coisas que um homem tem que fazer. Afinal! As pedras estão lá a milhares de anos, já nossas mães... Só Deus sabe quanto vão durar.
[Mosca] – Caraio Leke tu me emocionou agora. Pareceu o Pedro Bial fazendo discurso no Big Brother. Tá certo mano. Nem vou escalar domingo, vou ficar com a veia mesmo.
[Junior] – Isso aê leke, mostrando que tem coração.
[Mosca] – Coração é o caraio. Partiu night climb hoje em Cocal. Passa cedo que temos que passar naquele posto de gasolina do trevo de Cocalzinho que é pra comprar um artesanato pra minha mãe. Hehehe!

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Night Climbing – O Blefe

Nessa época do ano Brasília e região são conhecidas pela seca implacável que se estende por até 100 dias sem uma gota de chuva. Esse fato torna a região um paraíso para quem escala. Fim de semana cheio de festas e compromissos nos levarão a montar um bonde noturno na sexta-feira para Cocalzinho-GO onde estamos fissurados por alguns boulders.

Tudo perfeito, 4 crashs enormes no carro, comida, eu (Esdras), Pati, Julio, Dani e Álvaro partimos às 19h de um dia sem nuvens. Tudo estava perfeito até a chegada no Parque dos Pirineus onde começou a chuviscar, nada que nos desmotivasse.

Porém, ao estacionar o carro na Casa de Cobra fomos surpreendidos por pancadas de chuva que pareciam sacanagem. Choveu forte e ficamos no carro naquela de ir embora ou esperar São Pedro parar com a ironia.

Com a trégua da chuva (coisa de uns 15 minutos) fomos tentar escalar, malhamos o boulder Fissura (V4/V5) e Julio tentou uma travessia estranha que podemos dizer que é um pedaço do boulder “Pôr do Sol na Casa” ou algo assim. Com apenas alguns minutos de chuva tudo estava molhado. O boulder “Papai Noiou” contava com uma ave que descansava em sua agarra de saída e o resto tudo babado, nem mesmo o ratão saiu de sua toca para tentar roubar comida.

Voltamos para Brasília (particularmente eu estava indignado) com aquela sensação de derrota de quem gastou gasolina, sujou o carro e ainda por cima não escalou nada.

Sim eu sei que quem acompanha o blog deve ter lido a gente dizer:

–Em Cocalzinho não chove!!!

Porém tem coisas que só acontecem com a galera do AVPAF.