terça-feira, 10 de novembro de 2009

Chove lá fora


[Nota do editor] Eu juro que tento ensinar eles.
Que p... de tapete de corda é esse?


Cansado de apenas escrever e ler sobre escalada e há exatos 14 dias sem ir para a pedra resolvemos conhecer um pico lendário entre os escaladores do DF – as vias de Cocalzinho-GO. Cocal (para os íntimos) é mundialmente conhecida pela infinidade de boulders que vem contribuindo para a evolução da escalada brasileira (vide as ascensões e repetições de Rafael Passos, Pedro Rafael, Gabriel Ávila e tantos outros fortes escaladores de nossa região).

Porém o que poucos sabem é que existem neste local, vias esportivas. Apesar da vergonhosa proibição da escalada esportiva no Morro do Cabeludo* existem diversas vias localizadas nos 3 picos e com um diferencial enorme da qualidade da rocha que faz você achar o calcário do Belchior macio (se não me engano o tipo de rocha em questão é o quartzito).

A essa altura você deve estar se perguntando: - Ué um relato sério sobre escalada em pleno AVPAF??? Claro que não, é apenas uma introdução, mas reforçamos que o lugar é lindo, com cachoeiras, boulders infinitos e ainda por cima com esportiva de qualidade. Uma pena o Cabeludo está fechado, se não fosse isso o pico era referência da esportiva no Brasil com certeza.

Mesmo com o indicativo de chuva, chegamos ao local e nos encontramos com uma galera de Goiânia que passou os betas das vias e estavam recolocando uma chapeleta roubada em uma via (sim isso também acontece por essas bandas). Eles nos falaram sobre a abertura de novas vias no setor (uma ao lado da Atecubanos) e outra próxima que não lembro o nome (via do tetinho). Cabe aqui um agradecimento especial a Grazi e ao Marcelo (ABRESCA) pelo croqui desenhado a mão que nos ajudou muito na escolha.

A escolha (pelo nível de nossa escalada no dia) foi conhecer as vias Escoliose (6º), Atecubanos (6º) e se rolasse entrar num projeto novo dos goianos que ainda não tinha nome, mas parecia muito bem conquistada.

Cheguei confiante (como há muito tempo não acontecia) e inventei de equipar a Escoliose por conta própria o que resultou numa surra do crux (ridícula diga-se de passagem) e em uma desistência que não me abalou. Julio (apesar de estar na fila para se registrar como portador de necessidades especiais após a contusão no campeonato e depois da semana utilizando uma prótese semelhante a uma colher de retirar bolas de sorvete) equipou a via no seu estilo "minha leitura não serve a ninguém".

Na seqüência Dani e Patricia escalaram bem, mas não passaram do crux devido a ausência de estatura (reclamaram que a via não era acessível a anões mesmo todo mundo sabendo que as duas são fortes pra c@$%&!). Entrei novamente e guiei até o topo (passando bem pelo crux), mas bundei na costurada final (um tanto tensa e a queda nada favorável).

Álvaro após um fim de semana alcoólatra em Posse-Go, após meses na insistência de projetos de escalada não atingidos, chegou cheio de preguiça e quase não finaliza a via (uma decepção para o professor Bêra que vem insistindo no treino do garoto). Para se desculpar limpou a via com direito a rapel (já que o "p" do topo não parecia muito confiável, pelo menos a chapa do lado era garantida).

Quando pensamos em escalar mais começa a chuva um tanto fraca, mas pela distância do estacionamento resolvemos recolher as coisas e sair fora. Já no caminho de volta vemos Julia e seu namorado entrando em no boulder ao lado da capela. Paramos pra trocar idéia, a chuva deu trégua e os goianos chegaram com aqueles argumentos que nos fizeram repensar:

- Pow são só 14h num vou embora nem fudendo!!!

Julio com cara de cadena insistiu e voltamos a base de uma outra via (ver o nome) e quando este costurou a primeira chapa a chuva desabou de vez. Parecia aquele desenho do Pato Donald querendo sair para pescar e chovendo, quando ele volta para dentro de casa o sol volta a brilhar. No nosso caso era só entrar no carro que a chuva parava.

Retornamos a Brasília ao som de Flamengo versus Atlético-MG em uma rádio AM mineira. A melhor parte foi ouvir o narrador torcedor do galo narrando o Gol olímpico do Pet. Para mim mesmo com a chuva ficou a reflexão:

– Escreva menos e escale mais!!!



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*A escalada no Morro do Cabeludo é justificada por "explicações" relacionadas à reprodução de águias chilenas e pela inexistência de plano de manejo no parque. Neste mesmo "parque" não há controle de entrada e há realização de festas raves e religiosas nos pés dos picos o que deixa o local permanentemente sujo com latas e outros resíduos.

3 comentários:

Júlio Sá disse...

Minha leitura serve pra mim, ué!!
Vocês não viram que tinha uma plaquinha de "via para portadores de necessidades físicas especiais"??

hehehehe!

Cabe um comentário à galera de Goiânia que estava por lá (Samurai e Cia): Parabéns pela atitude da recolocação das chapelas da via do tetinho e pela abertura das 2 novas vias, que ficaram bem legais aparentemente! (inclusive aquela com o "pré-nome" impronunciável, algo do tipo Dyno de Esquerda, se não me falha a memória)...

Angelo! disse...

Hahahaha! Já vivi situação parecida com essa chuva que vocês pegaram. É f.d.!

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Mas ae... dá-lhe Mengo!!!

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Quando vocês vão vir conhecer a escalada do Rio?

[]s,

Esdras Daniel disse...

Grande Ângelo!!! Saudações rubro negras.
Vontade de escalar no Rio não falta, assim que rolar uma folga e uma promoção de passagens aparecemos por ai.

E você quando quiser aparecer pelas bandas do Planalto Central é só avisar!

PS: sacanagem a foto do tapete para corda. O Àlvaro só esqueceu de falar que nos fez atrasar a viagem e ainda por cima não levou nenhum equipo além da sapata, magnésio e a caderinha.hehehe