terça-feira, 1 de setembro de 2009

No domingo das Índias!!!

Pegando o costume de narrar as brilhantes aventuras de nosso grupo de destemidos escaladores escrevo mais uma epístola narrativa. Tudo começou às 6:00h quando comecei a mandar mensagens telefônicas , primeiramente ao Luiz (famoso por em sua primeira escalada se enrolar na hora de sair e por dormir nas bases das vias) e Julio que como sempre recebeu bem o meu bom dia telefônico destinando-me felicidades em relações anais.

Todos no carro (Batata, Esdras, Julio, Dani e Luiz) iniciamos a viagem rumo ao Belchior-GO. É claro que a esta hora da manhã o assunto ficou restrito a escaladas e viagens contando com as histórias de Luiz que de maneira ingênua nos ofereceu casa na praia em Santa Catarina.

Sabendo da via que escalaríamos inicialmente colocamos o maravilhoso disco da novela Caminho das Índias com o hit "Na cara, na cara" para entrar no clima (sim galera o Batata tem um cd de MP3 com os três discos da novela e mais um monte de porcaria).

Chegando a pedra rumamos para a recente aberta Namastê (6º sup) (parabéns Leandro, Grazi e colaboradores) brilhantemente equipada por Batata fazendo o lance inicial por um trajeto pouco recomendado para iniciantes como eu. Permanecemos na base da via tomando um Chimarrão e curtindo a escalada. Entrei na via por um início alternativo e mais fácil tocando bem e me sentindo à vontade embora não tivesse disposto a guiar (fui de top blefe mesmo). Luiz entrou na via e para a surpresa da nação conseguiu fazer o 1º lance semelhante ao Batata demonstrando que a memória faz parte da escalada (já que há 3 meses o mesmo não chegava perto de pedra ou de resina).

Dani entrou na via pelo mesmo caminho alternativo que eu e mandou bem demonstrando que sua falta de estatura pode ser superada por movimentos bem colocados de pés, passou um perrengue no meio da via e conseguiu desabar uma pedra do tamanho de um Gri-gri que quase me acertou (seg) fazendo com que eu passasse a adotar o capacete apesar das críticas e xingamentos relacionados ao meu cabelo hehehe.

Julio (nosso prodígio) estimulado pelas entradas anteriores tentou o movimento inicial e após uma bela escorregada ganhou inteiramente grátis uma depilação indiana nas canelas, mas retornou em seu estilo "ou vai ou racha" e encadenou.

HARE BABA!!! Para aqueles que estão se perguntando, Luiz não negou a tradição e dormiu na base da Namastê (mesmo após um litro de chimarrão), pela cara de felicidade deve ter sonhado com a Maya.

Após a entrada no Salão inicia-se o velho debate "- Eae vamos escalar o quê?" seguido por frases como : "-Eu não entro na "Mais Garrão" nem fudendo já enjoei " levando a todos a optar pela inédita (para mim, Luiz e Dani) "Cacos de Copos" (6º). Novamente nosso professor Batata equipou a via se permitindo fingir que fez um "foot hook" em um movimento que foi superado pela velha força física.

Entrei na seqüência (mais uma vez de top) e desenvolvi bem, porém no mesmo movimento do falso "foot hook" do Batata caí ao tentar rebotar. Retornei e finalizei a via abraçando a geladeira em um movimento infeliz e pouco prático. Na seqüencia Luiz entrou e passou perrengue até finalizar. Não lembro se o Julio entrou ou não na via (seqüelas da idade) só lembro-me da atitude de Dani em subir, passar perrengue e desequipar a via aos sons de mantras, reclamações e impropérios de Julio (namorado incompreensivo e grosso) e das calmas orientações do "Bandit" Batata. Este episódio demonstra como a mulher ainda é oprimida na Indía. hehehe

Todo mundo bem e feliz (o casal demorou apenas alguns minutos para retornar a harmonia indiana) resolvemos fazer o início da "Boitatá" (cujo início até o teto corresponde a um 7º mas em sua totalidade a via é um 10a intenso ). O objetivo dessa entrada era fazer valer a viagem de nossos escaladores mais fortes (Julio e Batata).

Com sangue no olho Batata inicia a via equipando e gastando muito para passar o primeiro lance. Após passar bem seguiu apanhando e finalizou a via dizendo: "- Vou entrar pra tentar a cadena".

Tentei sem compromisso entrar e nem passei do primeiro movimento, uma pinça de esquerda sem pé. Mas valeu o suor e o aprendizado. Aliás essa via é marcante pela ausência de pés. Em mais um momento "vê se aprende criança" outro escalador (o nome é Gabriel mas não sei o sobrenome) que estava em outro grupo malhando vias como a "Selva de Pedra"(9º) entrou de Sandálias Havaianas para me ensinar e fez o primeiro movimento tão rápido que demorei um pouco para assimilar e perceber que não era pra mim.

Luiz entrou na via com seu estilo maroto e fez o lance da pinça muito bem, chegando ao pequeno platô utilizando-se da técnica "se arrasta e ajoelha". Após ver o perrengue que seguiria desistiu e desceu satisfeito de superar o movimento inicial.

Julio (já desestimulado por seus momentos pouco auspiciosos) entrou, passou bem o lance da pinça e gastou tudo o que tinha para se erguer no platô também de joelhos (parecia que a galera tava cumprindo promessa para Shiva ou Ganesha ). Fez uma leitura em braile dos movimentos seguintes e desistiu (o que todos sabemos que gerará um trauma só remediado pela cadena. Faz parte do karma do garoto).

Neste momento já estávamos discutindo as correntes do direito, o papel da filosofia na sociedade e se a Playboy da Mulher Melancia era PhotoShop quando Batata se ergueu.

No ápice da emoção Batata retorna a via fazendo cara de Stallone em Rambo e passa tranquilamente os primeiros lances. Chegando bem acima do Platô e então algo aconteceu. Assim como em Rambo I nosso herói foi atingido por algo (perdeu os pés, não se posicionou bem, não alcançou a próxima mão) e despencou emitindo grunidos e palavrões. Será necessária pólvora para cauterizar e espinhos para suturar a ferida de mais uma perda de cadena por deslizes com os pés (ele já fez algo parecido na via "Sem Noção" da FERCAL). "as lamparinas do juízo de Batata ficaram sem azeite no meio da via".

Sem mais nada a fazer retornamos a Brasília ao som de "Na cara, na cara" música que fez todo sentido para a escalada desse domingo. Pelo caminho o assunto em destaque era se os pais devem deixar seus filhos(as) dormirem com os namorados(as) em casa. Luizão o único pai e ainda por cima de uma menina de 15 anos perdeu o sono.

Deixo vocês com os ensinamentos do escritor indiano Gibran Kalil Gibran que em seu livro O profeta nos explica :

O prazer é uma canção de liberdade, mas não é a liberdade.

É o desabrochar dos vossos desejos, mas não seus frutos.

É um chamamento profundo para as alturas, mas não é profundo nem alto.

É o encarcerado a ganhar asas, mas não é o espaço que o circunda.

Sim, na verdade, o prazer é uma canção de liberdade.

E bem gostaria que a cantásseis com todo o vosso coração;

No entanto, não percais os vossos corações nos cânticos.

Alguma da vossa juventude procura o prazer como se isso fosse tudo, e esses

são julgados e punidos.

Um comentário:

Júlio Sá disse...

"Este episódio demonstra como a mulher ainda é oprimida na Indía."

Ela deu sorte de não estarmos no Marrocos, senão tinha jogado-a ao vento, ou mandado queimar no "Mármore do Inferno"!! hehehe

Só fica um questionamento...por que ela resolveu discutir e contestar procedimentos de segurança, a 20m de altura??
hehehe