Namorando firme e com foco na escalada, Júnior segue sua saga de vida trabalhando, estudando e escalando pelo Planalto Central. Há algum tempo, Dalila vem percebendo um certo desinteresse de Júnior pelos boulders em Cocalzinho e percebeu que ele está malhando mais, correndo e mudando de hábitos.
Em uma sexta feira qualquer aquele tradicional telefonema noturno.
[Dalila] – Eae Amor qual vai ser a escalada nesse fim de semana? Partiu Cocal?
[Júnior]- Então Gata sabe o que é, ando na pilha de escalar outras coisas, mudar um pouco o estilo.
[Dalila] – Mas tá pensando em escalar alguma coisa diferente?
[Júnior] – Sei lá, o Roger andou botando pilha de fazer uns lances com ele.
[Dalila] – Como assim "com ele"? Quer dizer que vc não quer que eu vá?
[Júnior] – Pô Dalila , não é bem assim. É que tem um pico lá pro lado de Unai que é meio perrengue, tem que ir agilizado, menos gente essas coisas.
Dalila como boa escaladora de Cocal, nunca sequer ouviu falar de Unai, mas buscou ser compreensiva.
[Dalila] –Unaí ??? Nunca ouvi falar. Vai lá então, eu vou pra Cocal com a Monicão e a galera. Vamos montar um bonde mor.
[Júnior] – Muito bom, domingo nos vemos e ai você me conta como foi, é até bom porque eu estou fugindo de bonde.
[Dalila] – Tá bom.
No fundo Dalila ficou intrigada. Nunca ouvira falar de escalada em Unaí e começou a achar estranho o Júnior querer escalar com o Roger, afinal o Roger nunca vai pra pedra. No fundo da sua cabeça apaixonada a dúvida e o ciúme começam a fazer efeito.
[Dalila] – Ai tem coisa.
Como Dalila possuía as senhas de email de Júnior (erro comum na vida de casais) , ela decidiu dar uma vasculhada, afinal em sua cabeça é melhor prevenir do que remediar e esse comportamento do Júnior lhe parecia muito estranho. Toda hora salada, correndo todo dia, malhando resistência nos treinos do Bêra. Dois ou três cliques depois, caixa de entrada do gmail e ela se depara com aquela tradicional mensagem "Bate papo com Roger", no momento que viu ela não se conteve e começou a leitura.
[Júnior] – Então cara tudo certo né?
[Roger] – Tudo certo leke, pode ficar tranqüilo.
[Júnior] – Mas aê lá é seguro? Tem muita gente?
[Roger] – Cara fica tranqüilo, é seguro e ninguém aparece. Nunca vi um conhecido por aquelas bandas, no máximo alguém local.
[Pensamentos de Dalila] – Que papo é esse de ninguém conhecido? Esse safado ta com medo de ser visto por que?
[Júnior] – Mas o esquema é tradicional mesmo né? Tô cansado dessas coisas daqui de Brasília. Quero algo diferente, pelo menos duas enfiadas.
[Roger] – Leke lá a parada menorzinha é de 4 enfiadas.
[Júnior] – Massa é isso mesmo que eu estou procurando.
[Roger] – Mas aê tem que levar muita proteção, afinal segurança em primeiro lugar.
[Pensamentos de Dalila] – Filho da Puta, Cachorro, Safado. Tá é marcando de ir pra um puteiro com certeza, e o pior com pedofilia e suruba. Esse Roger nunca me enganou, com esse papinho de vegetarianismo , amor aos animais , eu sabia que esse cara não era santo. Isso não vai ficar assim.
Em sua raiva irracional Dalila liga na mesma hora para Júnior.
[Júnior] – Fala Amor, tô aqui arrumando os equipos. Amanhã vai ser pauleira.
[Dalila] – Para de mentir seu canalha, safado. Eu já sei de tudo, de suas fantasias de dupla penetração e suruba. Você é um tarado, pervertido e doente, nunca mais quero te ver.
[Júnior] – Do que você está falando? Não tô entendendo nada.
[Dalila] – Eu sei dos seus planinhos de ir para lugares escondidos, sem encontrar conhecidos e preocupado em mais enfiadas. Que porra é essa? Nunca pensei que você poderia ser assim, e não tente argumentar, eu li toda sua conversinha com o safado do Roger.
[Júnior] – kkkkkkkkk. Guria você tem problemas mentais. Essa vida de só escalar em Cocalzinho te fez mau mesmo. Estou indo escalar vias em Unaí. Lá a escalada é de duas ou mais enfiadas ou cordadas como você preferir chamar. Só não te levo porque nunca escalei isso, me preocupo com a sua segurança e você sequer sabe fazer um rapel.
[Dalila] – Como assim? Duas enfiadas? Escalada trad? É Isso?
[Júnior] – Isso mesmo psicótica, Unaí é o único pico para essa prática aqui perto, depois disso só em Minas Gerais, Rio de Janeiro ou São Paulo. Como você pode desconfiar de mim assim?
[Dalila] – É que você está todo diferente, malhando, correndo e comendo salada. Achei que você estava tentando ficar mais atraente.
[Júnior] – Deixa de ser maluca. Só estou fazendo isso porque escalar horas em uma parede exige resistência e afinal de contas eu fiquei meio gordinho depois das festas de fim de ano. Olha só, vou esquecer esse seu ataque de ciúmes e vou desligar porque amanhã saio daqui as 6h.
[Dalila] – Desculpe por toda essa loucura, prometo me controlar e parar de investigar sua vida. Boa escalada e aprende direito onde é o lugar pra me levar.
[Júnior] – Pode deixar. Tchau.
*Roger é um personagem conhecido e emblemático da escalada brasiliense já homenageado aqui no blog.
**Mais uma prova de que Brasília é um local priveligiado para a escalada, Unaí-MG fica a cerca de 100 km de nossa cidade e possui vias de até 100m, com proteções fixas e móveis. Segundo escaladores brasilienses há potencial pra muitas vias inclusive esportivas.
*** Agradecimento especial ao Luis (Francês) que soltou uma das piadas aqui contidas e que cobrou ontem novas histórias de Júnior.
3 comentários:
hahahaha
"o Roger nunca vai pra pedra..." dei pala!
massa júnior, quer dizer... uésdras.
só não concordei com uma coisa: mulheres geralmente não se desculpam tão rápido assim.
Baum demais! Partiu Unaí, é claro, depois de Araxá no Carnaval! Afinal de contas, não é nada interessante ir pra Unaí com tanta chuva...
Ah Rodolfo.
Agora casadão tá manjando né?
Só uma dica de quem tem tempo de estrada. Por mais que você tente ou tenha experiência, nunca conseguirá entender as mulheres.
Ao saber disso, relaxe, escale mais e tome cerveja!
Abraços!
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