quarta-feira, 30 de março de 2011

Invasão Feminina na Urca e no Blog também!!! A primeira Vez a gente nunca esquece!

Invasão Feminina na Urca e no Blog também!!! A primeira Vez a gente nunca esquece!

Aproveitando o mês de março, nós, mulheres escaladoras , resolvemos invadir esse blog!
E o motivo não poderia ser outro: Relato da invasão feminina 2011 na Urca!
Se o meu companheiro e escalador (Esdras) estivesse relatando aqui falaria que quem mandou escaladoras para cobrir a invasão foram eles, os rapazes que escrevem nesse Blog. Mas é mentira!
A decisão de irmos representar Brasília (carinhosamente chamado de quadradinho) na maravilhosa cidade do Rio de janeiro e apoiar a escalada feminina no Brasil foi de nós mulheres! Mais precisamente, Eu (Patricia), Monique e Dani, contanto sempre com o apoio e pilha da nossa querida Graziela (gaúcha, radicada em Brasília e agora moradora do Rio).
Há mais de uma mês já estávamos com as passagens compradas e combinando qual seria cor da nossa unha para a Invasão. E claro, especulando qual seria cor da camiseta e a logo do evento!!
Bem, como já explicitado no relato anterior, meu excelentíssimo namorido embarcou na sexta feira com todo o nosso equipo e pilhado para a fazer a Chaminé Galotti. Eu,o Júnior (apelido do nosso Crash Pad) Dani e Monique nos encontramos no aeroporto no final da tarde de sexta-feira (18/03/2011) para darmos início na nossa invasão.
Chegando no Rio e fomos direto para a casa da Grazi e do Lê. Deixamos e mala e partirmos para o Bar é claro! A ocasião estava tão especial que até a Dani que geralmente não bebe abriu uma exceção e tomou um Chopp com a gente (temos fotos que comprovam isso)!
Na manha seguinte, acordamos cedo e fomos para a Urca, despachamos o Esdras e o Leandro e partimos para o morro, nossa idéia era fazer a via Vilma Arnauld. Chegando lá eu, Monique, Grazi e Fernanda vimos que já tinha gente na via, mas optamos por aguardar e subir nela mesmo! Enquanto isso a Dani fazia mais uma aula de diedro lá na babilônia.
Fofoca vai, tricô vem, percebemos que o casal que estava escalando já estavam na segunda parada e resolvemos começar a escalar a via, afinal já eram mais de 10 horas da manha e sol estava muito forte (até o tempo cooperou, afinal, depois de dias de chuva o sol apareceu lindo e reinando) e aí vem a pergunta.... quem vai guiar????
Essa pergunta vem pelo seguinte motivo: A Monique está sem escalar a algum tempo e está voltando agora, a Fer e a Grazi estão começando a guiar parede e eu sou um ótima escaladora... de boulder... tenho medo e praticamente não guio via...
Nesse momento a Grazi falou: eu vou tentar! Como boas amigas que somos fizemos aquela vibe pra ela e ela equipou a primeira chapa. Quando foi pra segunda ficou um pouco adrenada e resolveu descer pra tentar de novo e/ou talvez passar para a Fer guiar.
Antes dela começar a equipar a via, passaram por nós, inúmeras mulheres, das mais variadas idades, acho inclusive que éramos umas das mais novas ali... achei isso incrível, aqui em Brasília não temos a oportunidade de ver tantas mulheres mais velhas escalando, me sinto quase uma tia aqui no auge dos meus 28 anos de idade e 2 escalando.
Assim, quando a Grazi desceu olhei para e ele e pedi pra tentar equipar a via ... sei lá, acho que o momento me inspirou... e eu já tinha feito uma parte da primeira cordada de top (que fica em um III grau).
A Grazi e a Fer me mostraram como montar a parada, caso eu chegasse lá, e me poiaram ( o melhor foi elas não terem colocado empecilhos e medos em mim naquele momento). Acho que nunca escalei tão focada e tranqüila nesses 2 anos de escalada... equipei e guiei a primeira cordada ( são 11 P´s, 50 metros). Quando chequei na parada, quase não me contive. Foi o mais alto que já subi, foi a primeira vez que equipei uma via e a primeira vez que guiei uma via que não fosse esportiva. Estava na companhia de mulheres maravilhosas em um momento único.
Como estava muito quente, optamos por não continuar a via. Até mesmo porque estávamos em 4 meninas e depois a Dani chegou e ficamos em 5, caso optássemos por continuar alguém ficaria sem escalar.
A Fer subiu, verificou se eu tinha feito tudo certinho na parada! Em seguida a Grazi subiu e ela desceu para que a Monique (correspondente online do Facebook na Urca) pudesse subir. Era também a primeira vez que a Monique fazia uma via no Rio.
Enquanto ela subia, com uma cara de felicidade extrema, eu e a Grazi cantamos e fizemos coreografia para ela na parada (eheheh)!
Por fim, descemos todas e a Dani também fez a cordada de Top.
Seguimos para a praça para encontrarmos as outras mulheres de montanha e homenagear a escaladora Ro Gelly. Lá conversamos bastante e conhecemos outras escaladoras. Participamos do sorteio de brindes mas a única que ganhou algo foi a Monique!!!
Uma parte que também achei bem legal foi a reação de algumas pessoas aos saberem que fomos para o Rio exclusivamente para participar da Invasão. Talvez ainda não saibam o tamanho do trabalho que fazem!
Na verdade, mais que um relato sobre a Invasão, é um relato de primeira vez... de como uma galera harmonizada pode influenciar nas suas ações. Me senti segura, acolhida e tranqüila na companhia das meninas! E isso fez toda a diferença na escalada, essa minha primeira vez com certeza mudou algumas coisas em mim que irá mudar a minha escalada!!
Obrigada Fer e Grazi pela aula relâmpago!
Obrigada meninas pela vibe!!!!

segunda-feira, 21 de março de 2011

Missão Chaminé Gallotti 18.03.2011

Desde janeiro o plano de escalar a Chaminé Gallotti tomou conta da minha cabeça. Para quem não conhece a história desta mitológica linha cabe saber que ela foi a 4ª via conquistada no Pão de Açucar, no período de 1949 a 1954, com muito esforço e coragem por Antônio de Oliveira, Ricardo Menescal, Laércio Martins, Patrick White e Tadeusz Hollup, todos membros do Clube Excursionista Carioca - CEC. Um dos mistérios que permeia essa linha é o fato dos conquistadores terem se deparado com um cadáver mumificado que se encontrava preso pelo pescoço no trecho referente à segunda cordada da via. Quem quiser saber mais dessa história deixo no final do texto os links e recomendo assistir aos filmes.

Foram quase 3 meses de alimentação regrada, de corridas diárias, slack line e treinos de resistência para que eu pudesse me sentir apto físico e mentalmente para encarar essa via, pois como já falei antes aqui não sou um cara muito forte e não tenho grande preparo físico o que venho lutando diariamente para mudar.

Para mim, escalador brasiliense com grande afeição por boulders, essa via tornou-se um projeto extremamente desafiador por dois simples motivos. Primeiro por que nunca em toda minha vida eu havia escalado algo superior a 150 m de altura, não que eu tenha medo de altura, mas a extensão de uma via diz muito sobre a resistência física e psicológica para realizá-la. Segundo porque eu nunca havia escalado, treinado ou aprendido a técnica de escalada em chaminés e teria que enfrentá-las durante toda a via.

Enfim, era um desafio enorme e para topar realizá-lo somente alguém com tão pouco juízo e muita pilha como eu, mas com grande conhecimento e técnica em escalada, ou seja, Leandro Cardoso. Leandro e Grazi (casal 2nocume) são os grandes responsáveis pela minha atração pela escalada tradicional (se é que esse nome cai bem), sempre me incentivando a retornar ao Rio de Janeiro para me dedicar a outro estilo de escalada que não seja boulder hehehe.

Minha ida para o Rio de Janeiro foi adiada na quinta feira devido às tempestades que alagaram Brasília tornando impossível decolar. Sexta-feira pela manhã parti para o Rio de Janeiro onde encontraria com Grazi e Leandro e ficaria esperando por Patricia, Monique e Dani que chegavam com destino à Invasão Feminina 2011, evento que será melhor abordado em um relato específico. Chopinho de boas vindas muita conversa no bar e algumas horas jogando UFC no Playstation 3 do Leandro onde nos dedicamos ao aquecimento dos dedos para a empreitada.

Sábado 8h da manhã, a Urca estava tomada por camisetas roxas do evento Invasão Feminina, incluindo eu (Esdras) que vesti a camisa em apoio ao evento. Fomos guiados pela trilha íngreme até a base da via por Rodrigo, escalador carioca e grande amigo que tentou nos alertar para o desafio à nossa frente. As descrições de Rodrigo eram ótimas e estimuladoras como extremamente suja, estreita, difícil e pra finalizar a tradicional frase: - Essa via é um quinto grau, mas é um quinto grau de chaminé. Melhor que isso foi a cara e a risada dele quando eu disse que nunca havia feito uma chaminé na vida. Mas nada disso abalou a idéia de escalar aquela via, pelo contrário, me senti ainda mais estimulado pela roubada que se apresentava.

Iniciamos a escalada por uma canaleta extremamente suja, cheia de mato e terra e assim foi até a segunda parada, alternando trechos de canaleta, aderência com boas agarras que não assustou. Leandro seguiu guiando para a terceira enfiada onde se iniciam os lances de chaminé. Na seg, eu mantinha a cabeça pensando positivamente, lembrando de como deve ter sido insano para os conquistadores realizarem aquela escalada. A comunicação com Leandro já não existia e passei a dar segurança cega, o que causa bastante ansiedade. Relaxei e Leandro recolheu a corda permitindo que eu iniciasse a escalada. Confesso que o primeiro momento de chaminé é bem intuitivo (pelo menos para mim), porém lidar com o estreitamento torna a tarefa realmente assustadora ainda mais se você tenta fazer isso com a mochila nas costas. Após ficar entalado, desloquei a mochila e pendurei na solteira, o que tornou menos problemático o lance. Entrei em uma espécie de escada estreita e segui a chaminé sob a orientação do Leandro que descreveu bem o final desse trecho: - Isso aqui pareceu um parto.

A via continuou alternando lances com agarras até um platô um tanto assustador por ser macio e cheio de plantas (o Leandro derrubou parte dele quando pisou provocando uma avalanche de terra hehehe). Leandro seguiu para mais um trecho de chaminé que passava por uma enorme pedra entalada. Essa cordada foi ainda mais forte para o psicológico, pois na seg eu não tinha notícias de Leandro e a corda passou muitos minutos parada me levando a recolher e a permanecer ali, a mais de 100m de altura admirando a paisagem e atento ao freio. Leandro deu sinais na corda e seguiu e de repente começou a ser recolhida.


Chegamos enfim no chamado “Lance do Estribo”, um artificial que rapidamente foi superado por Leandro. Porém, no momento de limpar o segundo estribo, a peça estava extremamente presa e eu ficara preso pela cadeirinha ao pequeno platô. Após literalmente ralar o umbigo, consegui recuperar o estribo e a peça e subir no platô com o coração na boca de tanto fazer força e de tanto medo de cair. Detalhe, eu também nunca havia escalado em artificial.

Já no platô que fica interno à chaminé cuja ancoragem é em um bico de pedra nos deparamos com o trecho mais complicado da escalada. Uma chaminé anterior a conhecida como Chaminé da Gia (chegamos a conclusão depois que deveria se chamar o cú da gia) que possui um estreitamento (tetinho) no qual a proteção deve se localizar a uns 10 metros do Platô. Após o descanso e um pequeno registro em filme Leandro tentou o lance um pouco pela esquerda evitando o temido estreitamento, porém percebeu a dificuldade e tentou desescalar devido às câimbras nos braços. De repente Leandro cai a cerca de 4 metros acima de mim e vem até o platô onde eu estava ancorado (lembrem-se no bico de pedra) ,após me chutar ele cai sentado no platô sem bater os pés e amortecido pelas mochilas. Abaixo de nós havia pelo menos 30 metros de chaminé.

Demoramos bons minutos nos recuperando do susto e das possibilidades que aquela queda significava. Leandro, porém demonstrou controle, inverteu o sentido que estava escalando, se alinhou na direção do distante “P” e tocou os dez metros de chaminé desprotegida. Chegando lá em cima notei que ele hesitou e passei a incentivá-lo até a costurada, mas tremendo de medo. Confesso que nunca fiquei tão feliz em ouvir um som de mosquetão como naquele momento. Leandro tocou a escalada pelo lance por mais duas costuras até o platô da árvore.

Nesse momento pensei em desistir da escalada, mas após ver a coragem de Leandro enfrentando aquele lance decidi que ia até o final a todo custo. Por incrível que pareça, escalei calmo e superei o lance até o “P”, porém na sequência da chaminé extremamente estreita, não conseguia realizar o movimento de saída, pois não era possível sequer girar a cabeça, fui seguindo os betas do Leandro e tive que me pendurar na corda para conseguir virar o rosto e dar fim ao martírio.

Após todo perrengue os últimos lances pareciam um passeio na floresta, onde a escalada se alternava com cipós e troncos de árvores. Final desse lance, segundo o croqui deveríamos seguir cerca de 50 metros até encontrar a trilha. Porém nos deparamos com as duas cordas extremamente emboladas e com uma mata fechada à frente.

Após a tentativa frustrada de desenrolar as cordas, decidimos seguir com o bolo de cordas na mão e por algo que parecia a trilha. Fui a frente do Leandro (único trecho que guiei hehehe) rompendo o bambuzal no peito e extremamente irritado por culpa de cipós que me enforcavam a todo momento. Chegamos enfim no calçamento da estação do bondinho do Pão de Açúcar, após 6 horas de escalada, extremamente sujos e com muita sede, mas com a alegria de ter realizado uma grande escalada. No cume podemos compreender o que o Guia da Urca quis dizer com a frase. “Uma verdadeira escalada de aventura”.

Ficamos tão exaustos que o restante do fim de semana foi dedicado a alimentação,descanso e cuidados com os diversos ferimentos da batalha. O relato não contou com fotos por uma simples razão, fiquei com medo de derrubar o celular lá de cima e o tremor nas mãos(adrena) não permitia que as fotos ficassem descentes, por isso optei por filmar. Se quiser ouvir o Leandro falando aumenta bem o som porque o celular não pegou bem kkkkk

Vídeo 1


Vídeo 2


Vídeo 3



Links sobre a gallotti
http://www.mundovertical.com/utilidades/mumia.htm
http://www.companhiadaescalada.com.br/croquis/croquis-fator2/cr35.jpg
http://www.montanhar.com.br/filme_gallotti.html
http://www.youtube.com/watch?v=pADFsVAzXDQ

segunda-feira, 14 de março de 2011

Ressola de sapatilha – Será que vale a pena?

A globalização e as mudanças nas taxas cambiais refletem em todas as formas de consumo, e na escalada não seria diferente. Hoje temos a possibilidade de comprar equipamentos de marcas gringas seja por sites, por lojas nacionais revendedoras ou por aquele brother que  vai pra Disney e traz pra você. De fato vivemos um bom momento de acessibilidade a equipamentos de escalada, tanto que até falsificações já existem.

Acertar na compra de uma sapatilha de escalada é sempre um mistério, cada marca tem seu shape e sua numeração o que faz com que muitas pessoas errem na compra e acabem revendendo (para a sorte dos amigos). Outra característica das sapatilhas é a paixão que determinados modelos causam em seus usuários, tem gente que não troca o modelo de sapata nunca.

O que fazer com aquela sapata boa, confortável que já pegou a forma do seu pé e  que simplesmente teve a sola destruída?

Comprei uma Mad Rock certa vez que era extremamente confortável, porém, pela inabilidade de iniciante, pelas características da borracha e pelas facas do calcário do Belchior (pico de escalada esportiva próximo a Brasília) acabei rasgando a sapatilha em menos de 2 meses de uso. Era jogar fora ou ressolar. Sempre penso 10x ante de jogar coisas no lixo ainda mais uma sapatilha inteiramente nova que teve a infelicidade de rasgar.

Durante muito tempo relutei sobre a possibilidade de ressola (achava que o preço não compensava em relação a uma sapata nova), porém no final do ano passado tive a oportunidade de ir ao Rio de Janeiro onde deixei minha sapatilha para ressolar com o Fabiano Ressolas. Infelizmente Fabiano parece ter finalizado a atividade de ressolas.

De volta com a sapatilha furada e ocupando espaço em casa resolvi que ia ressolar de uma vez por todas. Procurando por serviços dessa natureza lembrei que o André Berezoski (conhecido como Belê) realizava ressolas. Belê sempre foi para mim o tipo de escalador exemplo, lembro-me de acompanhar pela internet sua saga com o boulder  “Dia Santo”. Um cara como Belê não faria um serviço ruim em uma sapatilha pelo simples fato de que ele usa e sabe a importância das “sapatas” em nossas vidas.

Enviei minha sapata e surpreendentemente em 01 semana recebo a mesma de volta, em uma bela embalagem e com um serviço impressionante. A qualidade da borracha “vibran” e o acabamento do novo bico são muito bons.

O total do serviço ficou em R$ 110 reais, porém o total do sedex Brasília <-> São Bento Sapucaí deu um total de R$ 68, o que realmente encarece o processo.

Dica do dia: Cada caixa padrão de sedex é capaz de suportar 3 pares de sapatilha o que reduz em muito o custo total das ressolas. Nesta experiência só me arrependo de não ter agrupado alguns amigos que gostariam de ressolar sapatilha para baratear o Sedex.

Fica ai a experiência .  Quer ressolar?
SOS sapatilha – Andre Berezoski -  bele@casadepedra.com.br