sexta-feira, 29 de outubro de 2010

AVPAF na Terra dos Monstros*

Sexta a noite, depois do Festival, começou aquela negociação para saber onde iriamos escalar no sábado, meus amigos "pop's" do Rio começam a querer marcar escalada com "deus e o mundo", Leandro e sua dificuldade de dizer "não", topa tudo. Hehehe! Nesse dia vimos três filmes XC-Open World Series 2009 - Mundial de Paragliding, Platô e Dias de Tempestade. O primeiro foi filmado em Araxá-MG e tinha a participação do Gustavim, que foi para o Festival graças a prefeitura de Araxá (rs), o segundo foi feito pelo Ricardo Cosme que conhecemos em Sete Lagoas, era um filme em formato documentário e contava a história do Platô da Lagoa, um dos muitos lugares para escalar no Rio (Oh, cidadezinha abençoada para a escalada). O terceiro filme foi feito pelo Eliseu Frechou de São Bento do Sapucaí, contava a história da conquista do Monte Roraima, com belas e boas imagens, um personagem caricato (Marcio Bruno) e um bom enredo (leia-se perengue na montanha), foi o que mais empolgou o público e foi o que eu dei como sendo o provável ganhador do Festival.

Escutar de todos os amigos do "casal 20 carioca", que a Passagem dos Olhos tinha uma "puta" caminhada, já me fez esperar pelo pior. Rs! Várias pessoas que moram no Rio nunca fizeram essa escalada porque tem que caminhar muito. Animador isso, não? Mas vamos lá, treinamento patagônico.

Após uma cervejinha furada no final da noite voltamos pra casa para preparar o corpo para o dia seguinte. No outro dia passamos para pegar o Gustavim que iria pegar uma carona para a Barrinha, e "rumamos" para a Floresta da Tijuca (que faz parte do Parque Nacional da Tijuca). Gustavim pegou a trilha para a Barrinha e nos tocamos uma hora e quarenta minutos morro acima até a Pedra da Gávea, quem me conhece deve imaginar o tanto que eu reclamei. Hehehe! E joga a "cordinha" de 70 metros para um lado, para outro, coloca no pescoço... negócio desengonçado é carrega corda de escalada fora da mochila e sobe, sobe... sobe mais um pouco, até finalmente chegar na base da via. A escalada é tecnicamente fácil, mas o que todos temem são as passagens horizontais ou travessias.

Tem até uma história trágica, mas na nossa empreitada de trágico não teve nada, só cômico.

Chegamos na base da via e a Grazi cogitou a possibilidade de não fazer a via, que tinha medo de horizontais e blah, blah... Vejam se pode, caminhar 1h40 carregando equipamento pra não fazer a via? Mas o Leandro usou de toda a sua psicologia e eu prontamente me juntei a ele. As meninas sabem que tenho muita paciência nessas horas. Rs!

Após terminar a via ainda é preciso caminhar um pouco até o cume, pausa breve para curti o visual e comer alguma coisa e nesse meio tempo já começou a mudança de tempo. Começamos a descer a trilha rápido para passar logo pela "carrasqueira", nessa hora encontramos umas 4 pessoas, que mesmo com o tempo mudando continuaram subido. Posso até está enganado, mas eles não passavam uma imagem de pessoas preparadas para aquele perrengue. Acho que eles dormiram no cume, escurecia muito rápido e a tal "carrasqueira" se tornou bem mais difícil com a cachoeira que descia nela. Nessa hora deixei de lado o escalador e desci bem de vagar com a bunda na pedra para não escorrega.

Passado esse momento tocamos trilha abaixo com chuva forte no "lombo", quando chegamos em outro trecho de pedra para descer um grupo grande estava na nossa frente, umas 8 pessoas em uma operação formiga para descer uns trechos de pedra. Eu só pensava: "PQP"! Olhava para cara da Grazi e a frustração era a mesma.

Apenas relaxamos e esperamos, até a hora que conseguimos passar o grupo. O pessoal carregava barraca e os de mais apetrechos para acampar, acho mesmo não sendo permitido eles estavam acampados lá em cima. Existe um grutinha na trilha e eles preferiram aguarda lá ou dormir junto com mais umas três pessoas que já estavam lá se protegendo da chuva.

Aproveitamos a grutinha e pegamos as headlamps e tocamos para baixo. Descemos no breu por causa da mata fechada e da chuva, algumas erradas na trilha, alguns escorregões e 2 horas de caminhada depois encontramos o Gustavim na entrada do parque esperando a gente a uma hora.

Ufa!

Essa hora já nem existe mais condições físicas e mentais para ir no Festival, uma pena porque nesse dia ia passar o filme Nanga Parbat, sobre os irmãos Messner e a conquista dessa montanha.

Perrengue? Não, treinamento patagônico. Hehehe!

2 comentários:

Esdras Daniel disse...

Tadinha da Grazi. Não deve ter ouvido tu reclamando nem um pouquinho né? hehehe Finalmente um bom relato

Roger disse...

Fico só imaginando, kkkkkkkkkkkkk.

Agora, pensem vocês se esse mulek escalasse do mesmo tanto que reclama?
Ia virar lenda.